Famílias garantem produção agrícola
Organização que lidera o movimento cooperativo reconhece como fundamental a assistência institucional prestada aos camponeses, revelando-se activa nos processos de tomada de decisões para a introdução de uma dinâmica de maior prosperidade no campo
O sector agrícola está fortemente alicerçado na agricultura familiar, responsável pelo cultivo de 91 por cento da área de produção, expedindo 17,5 milhões de toneladas no ano 2018-2019, enquanto as explorações agrícolas empresariais contribuíram apenas com 9,00 por cento, de acordo com números da Confederação das Associações de Camponeses e Cooperativas Agro-pecuárias de Angola (UNACA), organização que hoje assinala 30 anos de actividade.
Dados do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) indicam que o desempenho foi observado apesar de, durante o último ano agrícola, entre Setembro de 2018 e Agosto de 2019, apenas 80 mil famílias camponesas, de um universo de três milhões, tenham sido assistidas pelo IDA, beneficiando do dinheiro garantido pelo Governo.
Quase 5,7 mil milhões de kwanzas foram disponibilizados pelo Estado para o ano agrícola 2018-2019, beneficiando 81.579 famílias camponesas, cerca de 4,00 por cento do universo de assistidos, se associados os 28.568 dos projectos co-financiados pelo MOSAP II, do total de 2.846.912 famílias registadas pelo IDA.
Os números mostram que, dos 2,8 milhões de famílias camponesas integradas na agricultura familiar, foi programada assistência a 1,3 milhão, mas só 943.644 foram assistidas, além das 110.147 que beneficiaram de pacotes tecnológicos do IDA e da MOSAP II. A ajuda é traduzida no fornecimento de fertilizantes, sementes de variedades melhoradas, correcção da acidez dos solos, fornecimento de charruas de tracção animal e pequenos equipamentos agrícolas.
O dinheiro foi dado aos camponeses no âmbito dos grandes desafios que visam a promoção da produção nacional, a médio e longo prazo, de forma sustentável. Ainda assim, pelo menos 833.497 famílias (88,3%) beneficiaram apenas de assistência técnica das Escolas de Campo, nos dias de trabalho e em programas de extensão rural. Em declarações ao Jornal
de Angola, o presidente da UNACA, Albano Lussati, reconheceu que o apoio financeiro dado pelo Governo permitiu que os camponeses aumentassem os níveis de produção, em relação ao período agrícola anterior.
Segundo Albano Lussati, os dados preliminares do movimento cooperativo mostram resultados positivos em torno dos diversos indicadores de produção nacional, superando a produção empresarial. O presidente da UNACA notou que, além do valor disponibilizado para assistência aos camponeses, a distribuição de materiais agrícolas, como catanas, enxadas, limas, adubo do tipo 12/24/12, sulfato de amónio e potássio, entre outros “inputs” para cultivo, estimulou a campanha agrícola.
“Não fosse a seca no Sul do país, os resultados seriam maiores”, lamentou Albano Lussati. Admitiu que “só é possível atingir bons resultados com mais investimento no sector, sendo, por isso, necessário que os grupos multissectoriais ligados à agricultura apostem fortemente na classe camponesa independente e nas pequenas e grandes cooperativas, para que a produção nacional continue a apresentar um melhor padrão de qualidade, sobretudo, no processo de embalagem ou empacotamento”.
Resultados na produção
O presidente da UNACA considerou que o país já está em condições de excluir da lista de importações os produtos da cesta básica, por apresentarem bons níveis de produção, o que também se aplica à horticultura, o ramo da agricultura que zela pelas técnicas de produção e de aproveitamento de frutos, legumes, árvores, arbustos e flores, incluindo a jardinagem.
Actualmente, fazem parte dos produtos mais desenvolvidos pelos produtores do país a banana, batata rena e doce, milho, bem como mandioca, couve, repolho, cebola, tomate, alface. No sector agro-pecuário, as maiores referências são frangos e ovos.
Os dados do IDA mostram ainda que, no ano agrícola 2018-2019, foram semeados acima de 135 mil hectares com hortícolas, dando lugar a uma produção de quase dois milhões de toneladas, número que representa um crescimento de 2,6 por cento face à época 2017-2018.
No sector de leguminosas e oleaginosas, plantou-se mais de um milhão de hectares e os resultados da campanha são 0,7 por cento superiores aos da produção anterior. No campo das raízes e tubérculos, produziu-se acima de 11 milhões de toneladas (um pouco mais de 2,4 por cento em relação à época anterior), numa área de aproximadamente 1,2 milhões de hectares, e em cereais 2,9 milhões de toneladas (mais 0,9 por cento), numa área de quase três milhões de hectares.
Em termos de frutas, os campos plantados ocupam mais 261 mil hectares e permitiram a produção de 5,3 milhões de toneladas durante o ano, que representam mais 2,00 por cento que na época 2017-2018. As províncias que registaram com produtividade superior à média nacional, que é de 22,441 quilos por hectare, são Benguela (21,4 por cento), Cuanza-Sul (15,8), Uíge (9,7), Bengo (8,00) e Cabinda (6,1), hoje as principais produtoras de frutas do país, com uma quota nacional de 61 por cento.
As províncias do Centro do país, como Cuanza-Sul, Benguela, Huambo, Bié e Moxico foram responsáveis por 59 por cento da área nacional cultivada, de 3.333.606 hectares. Já as províncias do Norte, nomeadamente Cabinda, Zaire, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Bengo, Luanda, Lunda-Norte e LundaSul, cultivaram 24 por cento, e as do Sul (Huíla, Namibe, Cunene e Cuando Cubango) plantaram 17 por cento do total nacional.
A área total plantada na campanha agrícola 2018-2019 é de 5.671.261 hectares, 54 por cento dos quais correspondem a cereais, 21 por cento a raízes e tubérculos, 18,4 por cento leguminosas e oleaginosas, 4,6 por cento a fruteiras e 2,4 por cento hortícola.
Área pecuária
No campo da carne bovina, suína, caprina e das aves, os resultados do primeiro semestre de 2019 ultrapassam as 106 mil toneladas. De acordo com o IDA, a produção nacional neste segmento é dominada pela carne caprina e ovina, com 73 por cento, seguindo-se a carne de aves (14), bovina (11) e suína (3,00). Destes indicadores, o Norte do país foi responsável por 44,1 por cento do total produzido, o Centro por 33,3 e o Sul por 22,7.
Em termos de ovos, o país produziu no primeiro semestre deste ano mais de 535,9 milhões de unidades. O ovo é o produto pecuário que melhores níveis de produção apresenta, quando comparado às metas previstas para 2019. Já nos primeiros seis meses, os indicadores de produção tinham um excedente de 10 por cento, ao se situarem em 60 por cento da previsão anual.
Na área de lacticínios, nos primeiros seis meses do corrente ano, atingiu-se uma produção nacional de leite de 1,2 milhões de litros, tendo a região Centro contribuído com 60,8 por cento do total produzido, a região Norte conseguiu 38,1 por cento e a parte Sul 1,2 por cento.