Jornal de Angola

25 mil pessoas vivem dentro do Parque da Quiçama

Vários turistas estrangeir­os manifestam interesse de vir a Angola e explorar as potenciali­dades do país, em termos da fauna e flora

- Manuela Gomes | Quiçama

Ao todo, 25 mil pessoas residem no interior do Parque Nacional da Quiçama, uma situação que tem preocupado o administra­dor daquela área de conservaçã­o, já que muitos deles se dedicam à caça furtiva de forma alarmante. Manuel Afonso disse que o ideal seria que aqueles cidadãos fossem retirados da zona de conservaçã­o.

25 mil pessoas residem no interior do Parque Nacional da Quiçama, uma situação que tem preocupado o administra­dor daquela área de conservaçã­o, já que muitos deles se dedicam à caça furtiva de forma alarmante. Em declaraçõe­s ao Jornal

de Angola, por ocasião de uma visita do grupo regional da SADC do Fundo Global do Ambiente (GEF), Manuel Afonso disse que o ideal seria que aqueles cidadãos fossem retirados da zona, para salvaguard­ar, por um lado, a segurança dos mesmos e, por outro, ajudar no combate à caça ilegal.

Manuel Afonso apontou o difícil nível de vida destas pessoas, como uma das principais razões que leva a que muitas optem por viver naquele lugar, de modo a obter sempre alguma coisa para o sustento da família.

“Muitos dos habitantes que aqui se encontram aparentam dedicar-se ao cultivo em pequenas plantações no interior do parque quando, na verdade, pretendem fixar residência, para diariament­e caçarem animais que aqui coabitam”, explicou.

Para fazer face a esta situação, o administra­dor disse que têm realizado regularmen­te várias acções de educação ambiental, por forma a aconselhar e sensibiliz­ar as populações a abandonar esta prática.

Manuel Afonso garantiu que este grande mal, no interior do Parque Nacional da Quiçama, “tem os seus dias contados”; que os 28 fiscais têm sabido responder às tentativas dos caçadores furtivos.

O responsáve­l disse que, durante os meses de Novembro e Dezembro, esta acção dos caçadores furtivos ganha contornos alarmantes. “Nesta época, todos querem ter uma mesa farta, então intensific­am a caça, dizimando assim um grande número de animais, com preferênci­a para os de grande porte, como o gnú, gunga e a girafa”.

O administra­dor reafirmou o intenso controlo por parte dos fiscais, no Parque Nacional da Quiçama. Regularmen­te, a partir dos vários postos, fazem o patrulhame­nto, “uma vez que o número de caçadores furtivos tende a aumentar”, lamentou. Gnú, gunga, kudú, girafas, veados e elefantes têm uma população de cerca de 500 animais.

Turismo

O número de visitantes do Parque Nacional da Quiçama tem vindo a aumentar nos últimos anos. A abundância de algumas espécies existentes apenas em África tem atraído àquele local vários turistas nacionais e estrangeir­os, entre espanhóis, brasileiro­s, americanos e portuguese­s.

De acordo com o administra­dor, vários turistas estrangeir­os manifestam interesse em vir a Angola e explorar as potenciali­dades do país, em termos da fauna e flora que o parque oferece.

De Julho a Novembro deste ano, mais de 900 pessoas efectuaram actividade­s turísticas no parque, onde, além de outros atractivos, há condições de acomodação e safaris disponívei­s em vários pontos.

Constataçã­o positiva

O secretário-geral do Fundo Global do Ambiente (GEF), que integrou a caravana de visitantes da região da SACD ao parque, considerou positivo o grau de implementa­ção dos projectos ambientais financiado­s pelo GEF, como o de fortalecim­ento e expansão das áreas de conservaçã­o.

William Ehlers disse que numa primeira fase, a avaliação é positiva e que com o fundo disponibil­izado pelo GEF, mais de 20 milhões de dólares, já foi feito algum trabalho ao nível de mais de 50 por cento.

Sublinhou que trabalhar em zonas de conservaçã­o não é fácil, mas que Angola está num bom caminho, e acredita que com o esforço implementa­do poderá alcançar os objectivos preconizad­os no sector ambiental.

Por sua vez, o presidente do Fundo Global do Ambiente (GEF) da região da SADC, Júlio Inglês, enalteceu o facto de Angola ter acolhido, após 10 anos, o seminário do Fundo Global do Ambiente da região, que reuniu responsáve­is de vários países.

“Estamos satisfeito­s por poder mostrar aos nossos parceiros, particular­mente, a um dos responsáve­is máximo do GEF, aquilo que temos feito com os financiame­ntos que nos são dados”.

De acordo com Júlio Inglês, este projecto, avaliado em 5.800,84 dólares, já atingiu um nível de execução de 95 por cento. O projecto, que já leva cinco anos, encerra em 2020, conheceu avanços significat­ivos, tendo em conta os objectivos preconizad­os para a sua implementa­ção a nível do parque. “Daqui para frente, os próximos passos serão para avaliar os pontos positivos e analisar se há necessidad­e de fazermos um pedido de expansão do projecto para correcção de alguns aspectos”, sublinhou.

O número de visitantes do Parque Nacional da Quiçama tem vindo a aumentar nos últimos anos. A abundância de algumas espécies existentes apenas em África tem atraído àquele local vários turistas nacionais e estrangeir­os

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CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
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Manuel Afonso William Ehlers
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CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO Presidente do GEF, Júlio Inglês

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