Último poema conhecido é de pouco antes da morte
A última produção literária de Ernesto Lara Filho foi escrita em Janeiro de 1977, na província do Huambo, um mês antes da morte do escritor, afirmou, quartafeira, em Luanda, Arlindo Leitão, amigo e contemporâneo do poeta, conhecido como um dos maiores cronistas da história do jornalismo angolano.
A revelação foi feita durante a habitual “Maka à Quarta-Feira”, na União dos Escritores Angolanos (UEA), em Luanda, que homenageou o autor de “Picada de Marimbondo”, em cerimónia presenciada por amigos, familiares e escritores.
Arlindo Leitão aproveitou a ocasião para recordar parte da vida e obrea de Ernesto Lara Filho e declamou um poema que fala de sonhps concretizados e adiados que tem o seguinte teor: Beberemos boas Cucas que nos deram lutucuta /Iremos de terra em terra/ Iremos de quimbo em quimbo/ Percorremos as sanzalas/ A distribuir kwanzas/ A distribuir riquezas/A distribuir amizade/A distribuir tudo aquilo que é a nossa riqueza!/ Riquito pega na banza e faz que me prometeste/A canção sobre os kwanzas!/ É que já não sei escrever/ O poeta envelheceu/ Quando viu/ Se realizava aquilo que idealizou!
O poema, explicou, foilhe entregue por um amigo do poeta pouco tempo depois da morte, em Fevereiro de 1977, acrescentando que a data em que foi entregue “leva-nos a pensar que terá sido o seu último produto literário”.
Para o general Paulo Lara, sobrinho do homenageado, quando se fala dos grandes poetas, homens de letras e referência da literatura nacional, nunca os desassociam da política. Disse que uma das grandes lembranças que tem do tio é a correspondência que encontrou nos anos 1960, que espelha a grande amizade entre os dois primos: Lara Filho e Lúcio Lara.
Na óptica de Paulo Lara, o diário escrito pelo tio quando esteve no Huambo deve ser publicado, apesar de alguns artigos terem já divulgados no jornal “O Jango”, criado por David Bernardino.
O general aconselhou a UEA a publicar o diário, por ser um produto de leitura muito importante para a sociedade e literatura angolana, que deve ser do conhecimento da nova geração. Paulo Lara tem uma cópia do diário e David Bernardino, outra, que podem disponibilizar à UEA para publicar em livro.