Criança queimada perdoa o progenitor
Emanuel dos Santos ,a criança de 12 anos que está internada no Hospital Geral Especializado Neves Bendinha, depois de ter sido queimado pelo pai, há uma semana, declarou que perdoa o progenitor e que já tem saudades do convívio familiar e escolar.
O menor, que está a recuperar da queimadura que sofreu nas mãos, depois de ter sido acusado pelo pai de roubar com o irmão, Lourenço, de 10 anos, cem kwanzas, disse já ter “muitas saudades de casa”, embora tenha acentuado que ele e o irmão já foram agredidos em “ocasiões anteriores” pelo pai, às vezes, com recurso a fio de energia ou mangueira.
O rapaz manifestou o desejo de sair do hospital “totalmente recuperado” para poder voltar ao convívio familiar e escolar, que lhe faz “tanta falta.”
“Quero voltar a ter a minha vida normal com o meu pai, porque sou órfão de mãe”, sublinhou o menor, que disse ser o pai a única fonte de rendimento familiar, por a sua madrasta estar desempregada.
O pequeno falava à comunicação social na segundafeira, dia em que recebeu a visita do director do Instituto Nacional da Criança, Paulo Kalesi, que o visitou no Hospital Geral Especializado Neves Bendinha, a funcionar provisoriamente no Hospital do Zango, município de Viana. O irmão de Emanuel dos Santos não ficou internado, porque o seu estado não inspira cuidados redobrados, estando a receber tratamento ambulatório.
Emanuel dos Santos recordou o dia em que o pai chegou, na madrugada do dia 24, a casa e fez acordar os dois filhos porque precisava de encontrar a moeda de cem kwanzas que havia deixado num cesto.
Diante dos filhos, que diziam não saber da existência do dinheiro, o pai revirou o cesto e despejou no chão tudo o que estava no seu interior e, mesmo assim, não achou o dinheiro. O mesmo foi achado pelos menores debaixo do cadeirão sobre o qual o pai estava sentado. Apesar de ter encontrado o dinheiro que procurava, o pai dos meninos continuou a acusá-los com o argumento de que “esconderam o dinheiro para gastar.”
“Foi assim que ferveu água e colocou numa banheira para queimar as nossas mãos”, contou, condoído, Emanuel dos Santos.