Dívida de países de África preocupa o Banco Mundial
O aumento dos níveis de endividamento e a mudança da dívida externa para fontes de financiamento mais baseadas no mercado, mais caras e mais arriscadas, aumentaram substancialmente as vulnerabilidades da dívida entre os países da Associação Internacional de Desenvolvimento (AID), em África, considera o relatório da Avaliação Institucional e das Políticas Nacionais (CPIA) de 2018, do Banco Mundial, divulgado na quarta-feira.
O documento recomenda que os países africanos “melhorem as suas capacidades e sistemas de gestão da dívida, o que pode aumentar a transparência e ajudar a estabilizar a economia a longo prazo.”
O relatório da CPIA para África analisa mais de perto a gestão da dívida, porque o rácio dívida pública/PIB atingiu 54,9 por cento do PIB em 2018, um aumento de 18,5 pontos percentuais desde 2013, refere o comunicado explicativo do documento.
Ao mesmo tempo, a percentagem das obrigações em moeda estrangeira no total da dívida externa aumentou 10 por cento, enquanto a participação das dívidas a credores comerciais e não-participantes do Clube de Paris aumentou 5 pontos percentuais desde 2010 e as emissões de obrigações soberanas aumentaram rapidamente, adianta a mesma nota.
“Alguns países africanos estão em risco de hipotecar o futuro das suas populações a favor do consumo de hoje”, alertou Albert Zeufack, economista-chefe para África do Banco Mundial, citado no comunicado.
“Quando os países gastam a maior parte das suas receitas com o serviço da dívida, sobram menos recursos para a educação, saúde e serviços essenciais para as suas populações, o que faz parar o progresso”, salientou o mesmo responsável do Banco Mundial.
O relatório recomenda que os países africanos da AID acelerem as reformas da regulamentação aplicável às empresas para apoiar o desenvolvimento do sector privado e melhorar a mobilização das receitas internas, além de reforçarem a sua gestão da dívida.
Porém, e apesar de a gestão macroeconómica ter enfraquecido, “as políticas de inclusão social melhoraram ligeiramente nos países mais pobres de África”, considera o Banco Mundial.
A pontuação média na CPIA dos 38 países elegíveis da AID em África, em 2018, permaneceu inalterada em 3,1, numa escala de 0 a 6.