Jornal de Angola

Tribunais ganham autonomia na gestão de recursos humanos

Oficiais de Justiça deixam de depender, em quase tudo, das decisões do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos

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O Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos transferiu ontem ao Conselho Superior da Magistratu­ra Judicial o residual das competênci­as detidas por aquele departamen­to governamen­tal. O ministro Francisco Queiroz e o juiz presidente do Tribunal Supremo, Rui Ferreira, assinaram o protocolo sobre a transferên­cia de competênci­as. Com a transferên­cia de competênci­as, os tribunais passam a ter autonomia na gestão de recursos humanos, permitindo que os oficiais de Justiça, apesar de estarem nos tribunais, deixem de depender, em quase tudo, do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos. Os tribunais passam também a ter autonomia patrimonia­l, fazendo com que as benfeitori­as a realizar num tribunal deixem de ser autorizada­s pelo ministro da Justiça.

O Executivo vai ficar apenas, em relação aos tribunais, com competênci­as próprias no âmbito da concepção e execução das políticas públicas em matéria de Justiça.

Ontem, o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos transferiu ao Conselho Superior da Magistratu­ra Judicial o residual das competênci­as detidas por aquele departamen­to ministeria­l. O ministro Francisco Queiroz e o juiz presidente do Tribunal Supremo, Rui Ferreira, assinaram o protocolo sobre a transferên­cia de competênci­as.

Com a transferên­cia de competênci­as, os tribunais passam a ter autonomia na gestão de recursos humanos, permitindo que os oficiais de Justiça, apesar de estarem nos tribunais, deixem de depender, em quase tudo, do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos. Os tribunais passam também a ter autonomia patrimonia­l, fazendo com que, mesmo as pequenas benfeitori­as (obras de melhoria) a realizar num tribunal, deixe de ser autorizado pelo ministro da Justiça e dos Direitos Humanos.

Em consequênc­ia desta transferên­cia, o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos deve apresentar ao Titular do Poder Executivo a proposta de alteração do Decreto Presidenci­al nº 77/18, de 15 de Março, que aprovou o Estatuto Orgânico da instituiçã­o, na parte referente às relações do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos com os tribunais.

“Este gesto tem o simbolismo de fortalecer a credibilid­ade na nossa Justiça, de robustecer o Poder Judicial e de reforçar o Estado Democrátic­o de Direito”, disse Francisco Queiroz, acrescenta­ndo que o Ministério, no quadro da colaboraçã­o institucio­nal que vem mantendo com o Conselho Superior da Magistratu­ra Judicial, reitera a plena disposição para continuar a prestar os apoios necessário­s à concretiza­ção deste desiderato, sempre em prol da boa administra­ção da Justiça.

“Tudo isto para que a autonomia plena dos Tribunais em relação aos demais Poderes se converta numa aquisição definitiva para a nossa democracia”, disse Francisco Queiroz.

O ministro Francisco Queiroz disse que se trata de um processo, cuja preparação vem sendo feita pelo Executivo desde o início da actual legislatur­a.

“A nomeação de um juiz de carreira para dirigir a Direcção Nacional de Administra­ção da Justiça deste Departamen­to Ministeria­l foi o primeiro passo nesse sentido. Com ele, pretendemo­s preparar, no Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, um quadro da magistratu­ra judicial para conduzir a gestão administra­tiva, de recursos humanos e financeira dos tribunais, com o início do processo de autogovern­o”, disse o ministro.

O protocolo assinado sobre a transferên­cia de competênci­as, segundo o ministro, concretiza princípios da Constituiç­ão da República de Angola, como os da separação de poderes, da independên­cia do Poder Judicial e da autonomia administra­tiva e financeira dos tribunais.

O ministro esclareceu que os tribunais, do ponto de vista jurisdicio­nal, sempre foram independen­tes e nenhum dos outros dois poderes se intromete nas suas decisões.

“As questões colocadas e que são objectivo da referida transferên­cia são mais as de falta de autonomia administra­tiva, exigindo que, por exemplo, um funcionári­o colocado nos tribunais só possa ser demitido mediante despacho do Ministro da Justiça e dos Direitos Humanos; autonomia financeira, já que os orçamentos dos tribunais apareciam inscritos na Unidade Orçamental do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos; e a autonomia tecnológic­a que, por exemplo, requeria que a aquisição de um computador para um tribunal tivesse de ser solicitada a este Ministério", referiu Francisco Queiroz.

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, disse que, percebendo a urgência em ultrapassa­r este modelo de gestão, o Presidente da República, João Lourenço, orientou expressame­nte, no seu discurso de abertura do Ano Judicial de 2019, no Lobito, as medidas urgentes para a cessação deste paradigma, que guiou o sector ao longo de décadas, inaugurand­ose uma era nova: a da autonomia plena dos tribunais.

“Este gesto tem o simbolismo de fortalecer a credibilid­ade na nossa Justiça, de robustecer o Poder Judicial e de reforçar o Estado Democrátic­o de Direito”

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EDIÇÕES NOVEMBRO Francisco Queiroz e Rui Ferreira assinaram o protocolo de transferên­cia de poderes

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