Londres e Berlim pedem uma investigação credível
Rei da Arábia Saudita conversa com Trump e diz ignorar o que possa ter acontecido a Jamal Khashoggi
Os chefes das diplomacias do Reino Unido, Jeremy Hunt, da França, JeanYves Le Drian, e da Alemanha, Heiko Mass, publicaram uma declaração comum dirigida às autoridades sauditas em que exigem uma “investigação credível” ao desaparecimento do jornalista saudita Jamal Khashoggi.
Khashoggi está desaparecido desde o dia 2 de Outubro, dia em que entrou no consulado saudita em Istambul, na Turquia, e nunca mais foi visto. Fontes policiais citadas pela imprensa turca afirmaram que o jornalista foi morto no consulado, o que é negado pelas autoridades sauditas.
“Defender a liberdade de expressão e uma imprensa livre e assegurar a protecção dos jornalistas são prioridades essenciais para a Alemanha, Reino Unido e França”, afirmam no texto os ministros dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Mass, britânico, Jeremy Hunt, e francês, Jean-Yves Le Drian. “Por isso, tem de haver uma investigação credível”, afirmam os ministros, que dizem encarar o caso “com a maior seriedade”.
“É necessária uma investigação credível que determine a verdade sobre o que aconteceu e - se relevante - identificar os responsáveis pelo desaparecimento de Jamal Khashoggi e assegurar que respondem” perante a justiça, acrescentam.
Entretanto, o Presidente norteamericano, Donald Trump, anunciou ontem na rede social Twitter que falou com o rei Salman da Arábia Saudita e que este lhe disse ignorar o que aconteceu ao jornalista saudita desaparecido, Jamal Khashoggi. Trump anunciou igualmente que o secretário de Estado, Mike Pompeo, vai à Arábia Saudita para se encontrar directamente com o rei Salman.
“Acabo de falar com o rei da Arábia Saudita que disse ignorar tudo o que possa ter acontecido ao 'nosso cidadão saudita”, escreveu Trump naquela rede social. “Vou enviar imediatamente o nosso secretário de Estado para se encontrar com o rei”, adiantou.
A Arábia Saudita desmente qualquer envolvimento no desaparecimento do jornalista, um crítico do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que colaborava com o Washington Post e vivia nos Estados Unidos desde 2017.
O Presidente norte-americano, grande aliado do reino dos sauditas, admitiu no sábado que a Arábia Saudita possa estar por detrás do desaparecimento do jornalista e advertiu que, se for esse o caso, haverá um “castigo severo”.
Em resposta, Riade afirmou no domingo “rejeitar inteiramente qualquer ameaça ou tentativa de a enfraquecer, seja através de ameaças de sanções económicas, do recurso a pressão política ou da repetição de acusações falsas”.
O rei Salman também terá dito ao Presidente Trump que os sauditas “trabalham estreitamente com a Turquia para encontrar uma resposta” para o caso do jornalista.
As autoridades turcas realizaram ontem buscas no consulado saudita em Istambul, duas semanas após o desaparecimento de Jamal Khashoggi.