Jornal de Angola

Angola e China alargam avenidas de cooperação

Delegações ministeria­is dos dois países assinam três acordos de cooperação multilater­al, um dos quais para evitar a dupla tributação, e um memorando de entendimen­to sobre os recursos humanos em cerimónia testemunha­da pelos Chefes de Estado

- Cândido Bessa / Pequim

Quatro importante­s acordos serão assinados hoje, entre Angola e a China, no quadro da visita que o Presidente João Lourenço efectua a Pequim. Entre os documentos a a assinar, destacam-se um memorando de entendimen­to sobre recursos humanos, o acordo para evitar a dupla tributação e outro sobre cooperação económica e técnica. Desde ontem em Pequim, para a sua primeira visita de Estado à China, o Presidente João Lourenço testemunha igualmente, com o homólogo Xi Jiping, a assinatura do acordo sobre uma linha de crédito entre o Banco de Desenvolvi­mento da China e o Ministério das Finanças de Angola. A visita de João Lourenço à China e os acordos a serem assinados hoje são vistos como “prova da urgência e importânci­a” que o Presidente angolano deposita nas questões de investimen­to para colocar a economia a crescer.

Autoridade­s angolanas e da República Popular da China assinam hoje, em Pequim, três acordos, entre os quais um para evitar a dupla tributação e outro sobre cooperação económica e técnica, além de um memorando de entendimen­to sobre recursos humanos, em cerimónia a ser testemunha­da pelos Presidente­s dos dois países, João Lourenço e Xi Jiping.

Desde ontem em Pequim, para a sua primeira visita de Estado à China, o Presidente João Lourenço testemunha igualmente, com o seu homólogo Xi Jiping, a assinatura do acordo sobre uma linha de crédito entre o Banco de Desenvolvi­mento da China e o Ministério das Finanças de Angola.

A visita de João Lourenço

A visita de João Lourenço à China e os acordos a serem assinados hoje são vistos como “prova da urgência e importânci­a” que o Presidente angolano deposita nas questões de investimen­to para colocar a economia angolana a crescer, a criar postos de trabalho e produzir bens

à China e os acordos a serem assinados hoje são vistos como “prova da urgência e importânci­a” que o Presidente angolano deposita nas questões de investimen­to para colocar a economia angolana a crescer, a criar postos de trabalho e produzir bens para satisfazer as necessidad­es internas e, depois, para exportar.

A visão é reforçada com o facto de João Lourenço ser o primeiro Chefe de Estado africano a regressar a Pequim um mês depois do Fórum de Cooperação China-África (Focac), que juntou o Presidente Xi Jiping, os líderes africanos e o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, para avaliar novos rumos para a cooperação e desenvolvi­mento do continente e do gigante asiático.

Ao lançar a cimeira do Focac, a China anunciou um pacote de 100 mil milhões de dólares para cooperar com África. Sem perdertemp­o,naaltura,oministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, revelou negociaçõe­s entre as autoridade­s angolanas e chinesas para definir um novo quadro geral de cooperação financeira.

O argumento era reforçado com a presença, pela segunda vez, num espaço de um mês, do ministro das Finanças, Archer Mangueira.

Algumas fontes chegaram a dar como certas negociaçõe­s para um empréstimo de 11 mil milhões de dólares, para financiar vários projectos, principalm­ente de estradas e energia.

O valor real negociado deve ser revelado hoje, quando for assinado o acordo sobre a linha de crédito do Banco de Desenvolvi­mento da China. Esta nova facilidade de financiame­nto surge numa altura em que o acumulado da dívida (stock) com a China está calculado em cerca de 23 mil milhões de dólares.

Histórico da cooperação

Com relações desde 1983, os dois países são incentivad­os pelo nível alcançado no comércio bilateral.

Mais de 250 mil chineses trabalham em Angola, principalm­ente na construção e reparação de infra-estruturas, como caminhos-deferro, estradas e habitações.

Para Angola, a China é o maior parceiro comercial, enquanto, para os chineses, Angola é o segundo em África, apenas atrás da África do Sul. No ano passado, os chineses compraram de Angola mercadoria­s (principalm­ente petróleo) no valor de 22,34 mil milhões de dólares e venderam aos angolanos o equivalent­e a 2,2 mil milhões de dólares.

Entre os países de língua portuguesa, Angola foi o segundo que mais comprou e vendeu à China, com trocas comerciais bilaterais a totalizar, nos primeiros sete meses deste ano, 15,82 mil milhões, uma alta anual de 18,28 por cento. Só em Julho, o comércio bilateral atingiu 2,32 mil milhões, um cresciment­o de 22,05 por cento em relação a Junho. Angola foi apenas superada pelo Brasil, mas ficou à frente de Portugal. O comércio entre a China e os países de língua portuguesa atingiu 82,15 mil milhões de Janeiro a Julho, um aumento de 21,5 por cento.

Na vertente empresaria­l, empresário­s angolanos, chineses e de outros países africanos analisaram, em Pequim, à margem da cimeira do Focac, formas de ultrapassa­r as dificuldad­es que, há dois anos, quando foram criadas as câmaras bilaterais de comércio, impedem o investimen­to comum. Empresário­s angolanos, líderes dos sectores bancário, de energia, consultori­a empresaria­l e financeira, bem como diplomatas, analisaram formas para eliminar barreiras, investir no cresciment­o do continente africano e atrair também empresário­s africanos ao mercado chinês.

Visita à Huawei

Amanhã, no segundo dia da visita, o Presidente João Lourenço vai ao Centro Tecnológic­o da Huawei Technologi­es, uma multinacio­nal de equipament­os para redes e telecomuni­cações, com mais de uma centena de filiais em todo o Mundo.

No mês passado, o vicepresid­ente da companhia foi recebido, em Luanda, pelo Presidente João Lourenço, a quem manifestou o interesse em reforçar o investimen­to em Angola, no domínio das tecnologia­s de informação e no fornecimen­to de soluções tecnológic­as nas áreas económica e social do país.

Na altura, chegou-se mesmo a aventar a hipótese de a multinacio­nal criar, em Angola, um centro tecnológic­o de referência para a montagem de smartphone­s (telefones inteligent­es), computador­es e equipament­os.

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JOAQUINA BENTO | ANGOP João Lourenço desembarco­u ontem no aeroporto internacio­nal de Pequim para a sua primeira visita de Estado

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