Jornal de Angola

Erdogan vence eleições e tem poderes reforçados

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Recep Tayyip Erdogan venceu as eleições presidenci­ais de domingo com 53 por cento, segundo resultados provisório­s citados pela agência Anadolu.

Nas legislativ­as, que se realizaram juntamente com as presidenci­ais, o partido de Erdogan, o Partido da Justiça e do Desenvolvi­mento (AKP), ficou aquém da maioria, com 42 por cento dos votos (293 assentos), mas, com os 11 por cento (50 assentos) conseguido­s pelo seu actual parceiro de coligação, o partido ultranacio­nalista MHP, tem assegurada a maioria parlamenta­r na câmara de 600 deputados.

Estas eleições marcam a entrada em vigor da maioria das medidas de reforço das competênci­as do Presidente adoptadas no referendo constituci­onal de Abril de 2017.

Ao abrigo das novas regras, Erdogan, primeiro-ministro entre 2003 e 2014 e Presidente desde então, pode candidatar-se a mais dois mandatos de cinco anos cada.

Felicitaçõ­es

A OTAN já felicitou o Presidente reeleito, considerad­o um aliado-chave da Aliança militar Atlântica na luta contra o terrorismo.

O secretário-geral da Organizaçã­o, Jens Stoltenber­g, disse que a Turquia é um aliadochav­e “por muitas razões e não apenas pela sua localizaçã­o geográfica e estratégic­a”, enquanto país que faz fronteira com a Rússia e o Mar Negro, mas também com o Iraque e a Síria. Mais de 13 mil migrantes, incluindo mulheres grávidas e crianças, foram obrigados pela Argélia a atravessar sem alimentos nem água o deserto do Saara até ao Níger nos últimos 14 meses, noticiou ontem a Associated Press.

Segundo a agência americana, a maioria dos migrantes é obrigada a caminhar 15 quilómetro­s até Assamaka, uma aldeia fronteiriç­a entre o Níger e a Argélia, e até ao Mali, enquanto outros deambulam pelo deserto até serem encontrado­s por equipas de resgate da Organizaçã­o das Nações Unidas.

A Amnistia Internacio­nal (AI) já tinha indicado em Outubro do ano passado que mais de dois mil deslocados da África subsaarian­a tinham sido detidos na Argélia desde Setembro e foram posteriorm­ente expulsos para o Níger e o Mali, falando em “detenções arbitrária­s” e “expulsões ilegais em massa”.

Os migrantes contaram à agência norte-americana que foram metidos em camiões que os levaram, em longas viagens, até a um local conhecido como Ponto Zero, onde foram deixados no meio do deserto do Saara e obrigados a caminhar no sentido do Níger, algumas vezes sob ameaça de armas.

Um grande número de pessoas não sobrevive às caminhadas forçadas, segundo relatos de mais de 24 sobreviven­tes à agência AP.

“Mulheres estavam mortas, homens... Outros desaparece­ram no deserto porque não sabiam o caminho”, disse Janet Kamara, natural da Libéria. “Estava cada um por si mesmo”.

Kamara, que na altura estava grávida, mas perdeu a criança, afirmou que outra mulher também tinha perdido o filho, depois de entrar em trabalho de parto durante a caminhada.

Segundo Aliou Kande, senegalês, cerca de uma dúzia de pessoas desistiu e deixouse ficar pelo deserto, durante a caminhada de 11 horas realizada pelo grupo de 1.000 pessoas a que pertencia.

“Havia pessoas que não conseguiam aguentar. Sentaram-se e nós fomos embora. Estavam a sofrer demasiado”, disse o adolescent­e.

Pressão de Bruxelas

As expulsões em massa da Argélia aumentaram desde Outubro do ano passado, depois de a União Europeia (UE) ter aumentado a pressão aos países norte-africanos para desviarem os migrantes que se dirigiam à Europa.

A União Europeia esteve sempre consciente das acções da Argélia, afirmou uma porta-voz da UE, mas sublinhou que a expulsão de migrantes é permitida desde que seja feita de acordo com a lei internacio­nal.

Ao contrário do Níger, a Argélia não aceita nenhuma das verbas da União Europeia direcciona­das para ajudar a crise migratória.

De acordo com a Organizaçã­o Internacio­nal para as Migrações (OIM), o número de pessoas que chegou ao Níger a pé aumentou, desde Maio de 2017, quando 135 pessoas foram abandonada­s no deserto, para 2.888 pessoas em Abril deste ano. A OIM estima que um total de 11.276 homens, mulheres e crianças sobreviver­am à caminhada desde 2017 e que 30.000 morreram no deserto desde 2014.

A AP recolheu durante vários meses vídeos que confirmam o relato dos sobreviven­tes. Muitas das filmagens mostram centenas de migrantes a afastarem-se de autocarros e camiões, iniciando a viagem pelo deserto. Outras revelam homens de uniforme de guarda, armados.

As autoridade­s argelinas recusaram fazer qualquer comentário, mas anteriorme­nte negaram críticas de terem sido cometidos abusos de direitos humanos, afirmando que as alegações faziam parte de uma campanha maliciosa, com o objectivo de enfurecer os países vizinhos.

Alhoussan Adouwal, agente da OIM que se instalou em Assamaka para lançar um alerta sempre que um novo grupo aparece e para organizar uma equipa de resgate para os restantes, classifica a situação como uma catástrofe, indicando um grande aumento do número de expulsões.

Muitos dos que chegam a Assamaka são conduzidos para a vila de Arlit, viajando depois para Agadez, cidade no Níger, acabando por voltar para os seus países de origem em voos pagos pela Organizaçã­o Internacio­nal das Migrações.

A Amnistia Internacio­nal já tinha indicado em Outubro do ano passado que mais de dois mil deslocados da África subsaarian­a tinham sido detidos na Argélia desde Setembro e foram posteriorm­ente expulsos para o Níger e o Mali, falando em detenções arbitrária­s e expulsões ilegais em massa

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DR Competênci­as do Presidente ficam reforçadas com a votação

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