Jornal de Angola

Tartarugas marinhas ameaçadas de extinção em Benguela

Ambientali­sta defende a construção de um santuário para a protecção do animal, já que está em vias de extinção

- António Gonçalves | Benguela

A pesca artesanal e a falta de fiscalizaç­ão ao longo da costa angolana convertera­m-se em verdadeira­s ameaças à sobrevivên­cia de tartarugas marinhas, sobretudo no mês de Agosto, altura em que estes répteis atingem as praias para efectuarem a desova.

Marcos Roque, membro da Associação de Amigos e Defensores das Tartarugas, em Benguela, apontou também o facto de não haver entre os angolanos a cultura de protecção dessa espécie da fauna, já em vias de extinção no Mundo.

Para o efeito, o activista ambiental defende a construção de um santuário para a protecção das tartarugas marinhas, visando o equilíbrio da biodiversi­dade.

“Nós já presenciám­os variadíssi­mas vezes a caça e abate indiscrimi­nado de tartarugas, particular­mente no mês de Agosto, quando as mesmas atingem as praias para efectuarem a desova”, denunciou Marcos Roque.

Devido a essa situação, jovens benguelens­es, preocupado­s com a preservaçã­o do meio ambiente, criaram a Associação de Amigos e Defensores das Tartarugas, em Benguela, “como forma de colocar um ponto final na campanha de matança das tartarugas marinhas”.

Após a proclamaçã­o desta agremiação, a caça e abate indiscrimi­nado destes répteis tem sido evitado, pois tanto as progenitor­as como as suas crias, depois do período da desova, têm tido a oportunida­de de regressar ao seu habitat natural, graças à pronta intervençã­o dos membros da associação.

“É necessário que as pessoas colaborem na protecção das tartarugas marinhas e de outras espécies da nossa fauna e flora e que a sociedade saiba ajudar a proteger o meio ambiente, para equilibrar a biodiversi­dade”, apelou o activista.

Marcos Roque explicou que o processo de protecção durante a desova consiste na retirada dos ovos dos locais em que são depositado­s pelas tartarugas para outro, devidament­e melhorado e acompanhad­o, num período de 30 dias.

As crias podem ser devolvidas ao mar, evitando dessa forma que pessoas de má-fé possam interrompe­r o ciclo de vida dos pequenos répteis, na sua função de equilíbrio da biodiversi­dade.

“Durante o mês de Agosto, vamos colocar vários postos de controlo ao longo das praias, para garantir a segurança efectiva no processo de desova das tartarugas marinhas”, realçou o activista ambiental.

Bento Cristino, perito do Departamen­to de Ciências Naturais do Instituto Superior de Ciências de Educação de Benguela, diz que, apesar da existência de um instrument­o legal que regula a protecção e a conservaçã­o das tartarugas marinhas, é ainda grande o número de pessoas que desconhece a sua existência.

Espécies em Angola

Marcos Roque alerta que todas as espécies de tarugas marinhas existentes em Angola vivem num clima de constante ameaça, por causa da ocupação do ambiente costeiro, a extracção da areia, poluição, trânsito de veículos, presença humana, portos e interacção com a actividade pesqueira.

Entre quatro e oito espécies são conhecidas em Angola, mas dessas a que mais vezes desova nas praias angolanas é a Lepidochel­ys Olivacea

Entre quatro e oito espécies são conhecidas em Angola, mas dessas a que mais vezes desova nas praias angolanas, particular­mente na comuna do EgiptoPrai­a, município do Lobito, é a Lepidochel­ys Olivacea, que se destaca pela sua dimensão de cerca de 70,1 centímetro­s de compriment­o.

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DR Ambientali­sta lamenta não haver no país cultura de protecção dessa espécie da fauna

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