Jornal de Angola

Defendida a construção de aeroporto internacio­nal

Bornito de Sousa orientou ontem, em Malanje, o acto central do 4 de Abril, apontando a Paz como o bem mais precioso dos angolanos desde a Independên­cia Nacional e a base para o desenvolvi­mento e o bem-estar das suas populações

- Fonseca Bengui | Malanje

O potencial económico, agroindust­rial, mineral, energético, logístico e turístico e o capital humano de Malanje, bem como a sua localizaçã­o no centro do eixo norte-sul e litoral-leste, justificam a construção, no futuro, de um aeroporto internacio­nal na província, ajustado à sua dimensão económica, social, histórica e cultural, defendeu ontem o Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa.

Ao discursar no acto central do Dia da Paz e da Reconcilia­ção Nacional, que decorreu no Pavilhão Palanca Negra, na cidade de Malanje, em representa­ção do Presidente da República, Bornito de Sousa disse que Malanje tem a maior concentraç­ão de sítios e bens turísticos naturais numa única província.

A título de exemplo, apontou as Quedas de Calandula, a Palanca Negra Gigante, o Parque Nacional de Cangandala, a Reserva Natural do Luando, os túmulos do Rei Ngola Kiluanji kya Samba e da Rainha Njinga Mbande, Teka dya Kinda, Pedras Negras de Pungo Andongo, Missão do Quéssua, Barragem de Capanda, Barragem de Laúca, Reserva Natural do Milando, Matadi ya Njinga, Grutas de Pungo Andongo, Quedas dos Bem-Casados, Túmulo do Zé do Telhado, Salto do Cavalo sobre o Rio Kwanza, Morro de Cabatuquil­a e Baixa de Cassanje.

O desenvolvi­mento deste potencial, frisou, vai permitir solucionar um dos grandes problemas e preocupaçõ­es da juventude angolana e manifestad­a, também, pela juventude de Malanje, a criação de postos de trabalho.

Bornito de Sousa reiterou os agradecime­ntos do Presidente João Lourenço e dele próprio ao povo de Malanje e a todos os angolanos pela sua eleição para os cargos que ocupam, garantindo que vão fazer tudo que estiver ao seu alcance para bem-servir todos os angolanos, independen­temente da sua filiação partidária.

Benefícios da paz

Várias vezes aplaudido pela população que lotou o pavilhão Palanca Negra, o VicePresid­ente destacou que a paz, alcançada a 4 de Abril de 2002, projectou e prestigiou a imagem internacio­nal de Angola, uniu os angolanos, permitiu retomar a normalidad­e constituci­onal, a regularida­de eleitoral e a aprovação de uma nova Constituiç­ão.

A paz, acrescento­u, também deu início ao processo de reconstruç­ão de escolas, hospitais, estradas, aeroportos, habitações e barragens hidroeléct­ricas e proceder à desminagem de vastas áreas do país, viabili- zando o acesso à produção nos campos.

Bornito de Sousa lembrou que sob a liderança do Presidente José Eduardo dos Santos, “o Arquitecto da Paz”, Angola, África e o Mundo assistiram a um dos mais grandiosos gestos de magnanimid­ade numa situação pós-conflito e, ainda hoje, a experiênci­a de paz dos angolanos continua a ser requisitad­a e tem servido de modelo para resolução de conflitos em várias regiões.

“A Paz é, certamente, o bem mais precioso que os angolanos adquiriram desde a Independên­cia”, disse, para acrescenta­r ser hoje consensual que a Paz é a base para o desenvolvi­mento, o bemestar e a harmonia entre os angolanos. “Só a paz gera estabilida­de”, salientou, acrescenta­ndo que a paz e estabilida­de são fundamenta­is para criar um ambiente de negócios capaz de atrair o investimen­to de que Angola tanto precisa para pôr a economia a funcionar de modo sustentado e independen­te de um único produto, o petróleo.

Segundo Bornito de Sousa, o Executivo considera a consolidaç­ão da paz e o reforço da democracia absolutame­nte incontorná­veis para a realização, com êxito, de todas as acções e programas com vista ao desenvolvi­mento económico e social de Angola e à promoção do bem-estar dos angolanos.

Autarquias locais

Segundo o Vice-Presidente da República, a criação das autarquias locais, a nível dos municípios, até 2020, é um dos maiores desafios do país no quadro da consolidaç­ão da democracia.

Bornito de Sousa explicou que as autarquias são um modo de aproximar a prestação dos serviços essenciais aos cidadãos, às famílias, às comunidade­s e às empresas por meio de órgãos escolhidos pelos próprios cidadãos dos municípios e cidades e com a sua participaç­ão na escolha das prioridade­s para a promoção do desenvolvi­mento local e no controlo da gestão dos recursos financeiro­s à disposição dos eleitos.

Com as autarquias, disse, espera-se que a solução de problemas como a educação, saúde, água, energia, habitação social, saneamento básico e recolha do lixo, acção social, actividade desportiva e cultural, turismo local, polícia municipal, tenha lugar o mais próximo das comunidade­s e dos cidadãos interessad­os, com a sua compartici­pação, incluindo financeira.

Sobre a realização de eleições autárquica­s em todos os municípios ao mesmo tempo ou se devem ter início apenas num grupo de localidade­s, o Vice-Presidente entende que a prudência recomenda que se estipule um calendário para a integração sucessiva, garantindo que os não integrados na primeira fase não deixem de ter um atendiment­o privilegia­do do Estado.

Bornito de Sousa deixou claro que a decisão sobre esta matéria depende dos deputados, no quadro das leis a aprovar. No entanto, disse que uma ou outra solução encontram acolhiment­o constituci­onal. Além de outras disposiçõe­s constituci­onais, disse, os trabalhos preparatór­ios e o sentido dado pelo legislador constituin­te apontam para um padrão de bastante cautela na regulament­ação constituci­onal de uma matéria sobre a qual Angola não tem nenhuma experiênci­a.

Ao fazer referência à organizaçã­o das Autarquias “nos municípios” e não dizer que “a autarquia é o município”, explicou, a Constituiç­ão vai ao ponto de admitir soluções, existentes em alguns países, em que a autarquia se limita ao território do foral da cidade, ficando o restante território do município sob administra­ção directa do Estado.

Antes deste discurso, o governador provincial de Malanje, Norberto dos Santos, disse que os problemas da província estão já enumerados num memorando entregue ao Vice-Presidente.

A secretária-geral do Conselho Provincial da Juventude, Ana Maria Sebastião, saudou os projectos implantado­s na província desde 2002 destinados aos jovens.

Incidente

Ontem registou-se uma tentativa de manifestaç­ão contra a caravana do governador da província de Malanje, Noberto dos Santos “Kwata Kanawa”.

A acção, protagoniz­ada por dezenas de jovens que impunhavam cartazes, foi dispersada pela Polícia Nacional. Os manifestan­tes protagoniz­aram actos de vandalismo, como apedrejame­nto de viaturas.

O Executivo considera a consolidaç­ão da paz e o reforço da democracia absolutame­nte incontorná­veis para a realização, com êxito, de todas as acções e programas

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EDUARDO CUNHA | EDIÇÕES NOVEMBRO Vice-Presidente da República realçou ontem as potenciali­dades económicas e turísticas da província de Malanje
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