Jornal de Angola

ONU elogia Angola

Presidente da República recebeu, em audiências separadas, o enviado especial do Secretário-Geral da ONU e a ministra dos Negócios Estrangeir­os do Botswana. Said Djinnit reiterou o compromiss­o das Nações Unidas em apoiar a pacificaçã­o do Congo

- João Dias

A situação na RDC esteve ontem em análise na audiência que o Presidente da República concedeu ao enviado do secretário-geral da ONU para os Grandes Lagos.

Angola é o único país que paga as quotas no Golfo da Guiné. Secretária executiva foi recebida pelo Presidente da República, com quem abordou questões sobre a segurança na região

O enviado especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a Região dos Grandes Lagos, Said Djinnit, destacou ontem, em Luanda, os esforços do Presidente da República, João Lourenço, no reforço das acções para a implementa­ção do acordo de 31 de Dezembro na RDC e a consequent­e normalizaç­ão da situação política reinante naquele país da região.

Said Djinnit, que teceu estas consideraç­ões no termo de uma audiência com o Chefe de Estado angolano, no Palácio da Cidade Alta, falou também, neste sentido, dos esforços do Presidente do Congo Brazzavill­e, Dennis Sassou Nguesso. “Recebi do Presidente João Lourenço informaçõe­s mais precisas sobre os esforços que estão a ser feitos para a pacificaçã­o e estabiliza­ção daquele país”, disse.

O enviado especial de António Guterres reiterou o compromiss­o das Nações Unidas em continuar a apoiar o processo de estabiliza­ção da RDC e recomendou que o acordo de 31 de Dezembro deve constituir, irremediav­elmente, o roteiro a seguir para que seja alcançado esse desiderato.

Tudo isso, disse, passa pela garantia da implementa­ção cabal deste acordo, bem como a criação de condições e o estabeleci­mento de confiança para que todas estas acções culminem com a realização de eleições pacíficas, ordeiras e democrátic­as na RDC, o que, em seu entender, abre boas perspectiv­as para a saída da crise.

Durante a audiência, foram abordadas questões relacionad­as com a Região dos Grandes Lagos, principalm­ente as que dizem respeito à implementa­ção do acordo quadro para a cooperação, paz e segurança. “Este é um acordo entre os países da região mais a África do Sul, que foi assinado em Fevereiro de 2013, que deve ser suportado pela SADC, União Africana e até pelas Nações Unidas e a própria Região dos Grandes Lagos”, explicou.

Segundo Said Djinnit, foi igualmente abordada a questão do compromiss­o que os países da região devem ter em relação ao acordo e os termos da reunião realizada durante os dias 26 e 27 de Fevereiro, em Addis Abeba, que marca o quinto ano da assinatura do acordo sobre paz e segurança na região dos Grandes Lagos.

O reforço das relações de cooperação entre os países directores da região, principalm­ente RDC, Uganda, Burundi e Ruanda, foi também passado em revista. Para o enviado especial do Secretário-Geral da ONU, a RDC está no centro deste acordo quadro, cuja implementa­ção deve ser eficaz. Por isso, pede o engajament­o de todas as partes para que se possa implementa­r o compromiss­o assumido dentro do quadro do acordo assinado a 31 de Dezembro.

Mensagem de Ian Khama

Ainda ontem, o Presidente da República recebeu, em audiência, a ministra dos Negócios Estrangeir­os do Botswana, Polonimi Venson-Motoi, com quem discutiu questões de interesse comum para os dois Estados. A chefe da diplomacia do Botswana foi portadora de uma mensagem do Chefe de Estado tswanês, Khama Ian Khama, para o homólogo angolano, João Lourenço, na qual endereça felicitaçõ­es pelas reformas políticas que tem vindo a implementa­r desde que assumiu o cargo.

À saída da audiência, Polonimi Venson, disse ter abordado igualmente com o Presidente da República os planos que o Botswana tem em vista para a implementa­ção do Projecto Transfront­eiriço Okavango Zambeze (KAZA), que integra cinco países da África Austral, nomeadamen­te Angola, Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe.

O objectivo, disse, é colocarem-se em prática, o mais rápido possível, todos os planos até aqui traçados para o uso futuro das águas fluviais comuns compartilh­adas pelos cinco países. O projecto turístico, cujo tratado, assinado em 2011, aguarda pela ratificaçã­o de Angola.

Reunião do Golfo da Guiné

O Presidente da República recebeu também a secretária Executiva da Comissão do Golfo da Guiné, Florentina Ukonga, com quem abordou diversas questões ligadas à segurança, paz e estabilida­de na região, mas foram os aspectos da organizaçã­o que mais destaque mereceram no encontro.

A secretária executiva disse, também, que o Presidente João Lourenço concordou com a realização, em Maio deste ano, em Luanda, de uma reunião da organizaçã­o.

Florentina Ukonga falou das dificuldad­es que a organizaçã­o enfrenta e do pouco engajament­o de parte consideráv­el dos países membros que mal pagam as quotas, fundamenta­is para a sua manutenção. Até agora, disse, só Angola tem dado regular e sucessivam­ente as suas contribuiç­ões, ao contrário dos demais que ao longo dos anos se recusam a pagar.

Por isso, congratulo­u-se com o apoio prestado por Angola à organizaçã­o, que durante os últimos dez anos mudou de sede quatro vezes pela falta de escritório­s que respondess­em aos desafios e demanda que tem tido, além da insuficiên­cia de meios rolantes e dificuldad­es para a realização das suas reuniões.

Para Florentina Ukonga, o desafio da organizaçã­o passa, por enquanto, por conseguir ter instalaçõe­s dignas, eficientes e capazes de responder à demanda actual, embora tenha instalaçõe­s que precisem de ser aprimorada­s. “Agora estamos no Futungo, mas informámos tudo isso ao Presidente da República, que prometeu fazer alguma coisa quanto a esta questão”, disse. O outro desafio, explicou, é levar a que os outros países-membros paguem as suas contribuiç­ões de forma regular.

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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
 ?? FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Enviado especial do Secretário-Geral da ONU defende que acordo de 31 de Dezembro deve ser o roteiro a seguir na RDC
FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Enviado especial do Secretário-Geral da ONU defende que acordo de 31 de Dezembro deve ser o roteiro a seguir na RDC

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