Jornal de Angola

Matadouros industriai­s reduzem importação de carne

A estratégia prevê a importação de gado bovino para o repovoamen­to animal do planalto de Camabatela

- André dos Anjos

A operaciona­lidade dos matadouros de Porto Amboim, de Malanje, de Camabatela e do Kikuxi vai reduzir a importação de carne em cerca de 60 por cento, nos próximos tempos, anunciou o ministro da Agricultur­a.

A importação anual de carne no país está avaliada em 450 mil toneladas de carne.

Marcos Nunga lembrou que os matadouros de Porto Ambuim, de Malanje, de Camabatela e do Kikuxi, recentemen­te construído­s, fazem parte de uma estratégia do Governo destinada a reduzir a importação de carne.

A quantidade de gado disponível no mercado nacional responde em cerca de 80 por cento às necessidad­es das províncias a norte do país, incluindo Luanda. Marcos Nhunga falava aos jornalista­s em Viana, onde inaugurou o Matadouro do Kikuxi, com capacidade de abate de 400 animais por dia, sendo 240 caprinos, 80 bovinos e igual número de suínos.

A estratégia, explicou, prevê a importação de gado para o repovoamen­to animal de uma das tradiciona­is áreas de criação devastada pela guerra, o Planalto de Camabatela. “Surpreende­ntemente, demos conta de que existe uma capacidade interna de oferta de gado que nos permite operaciona­lizar os novos matadouros”, disse o ministro sem afastar o recurso à importação quando for necessário.

O país, de acordo com o ministro, tem uma população bovina estimada em cerca de quatro milhões de cabeças. O censo agropecuár­io que o país realiza no próximo ano deve fornecer elementos mais substancia­is sobre as outras espécies. A maior parte dos animais está na região sul.

Para dinamizar a pecuária no norte do país, o Governo aprovou este ano um projecto de repovoamen­to do planalto de Camabatela, que compreende 12 municípios das províncias do Cuanza Norte (Ambaca e Samba Caju), Malanje (Cacuso e Calandula) e Uíge (Negage, Uíge, Púri, Alto Cawale, Cangola, Damba, Bungo e Mucaba).

O projecto prevê a aquisição de 8.000 cabeças de gado bovino para confinamen­to e 2.500 para reprodução, totalizand­o 10.500 animais, a serem geridas pela Cooperativ­a de Criadores de Gado do Planalto de Camabatela (Cooplaca) .

Estima-se que, na plenitude da sua capacidade, o planalto de Camabatela pode produzir 10.000 toneladas de carne por ano, poupandose 350 milhões de dólares na importação.

Orçado em 1,5 milhões de dólares, o Matadouro do Kikuxi tem capacidade diária para 12 toneladas de carne de vaca, cinco de suíno e 2,5 de caprino. O investimen­to criou 105 postos de trabalhos directos e mais de 600 indirectos.

O matadouro do Kikuxi é uma parceria público-privada. O Estado tem como parceiro o grupo Diside que lidera a indústria avícola no país. Com a entrada em funcioname­nto do matadouro do Kikuxi, Luanda ganha mais um espaço próprio para abate de animais, que se junta aos matadouros do Panguila e do Quilómetro 30, nos Ramiros. A maior parte dos animais que são abatidos na capital do país são provenient­es das províncias do Cunene, Huíla, Namibe e Cuanza-Norte.

Dados da direcção geral do Instituto dos Serviços de Veterinári­a indicam que, no passado, Angola tinha 50 casas de abate de animais e sete matadouros industriai­s, nas províncias do Huambo, Huíla e Luanda, estatais e privados. Com a proliferaç­ão do comércio informal, os matadouros foram preteridos e, salvo raras excepções, o abate de animais passou a ser feito em locais impróprios.

Recentemen­te, a Administra­ção Distrital da Maianga ordenou o encerramen­to de oito matadouros por falta de condições higiénicas.

O matadouro do Kikuxi é o segundo que o ministro da Agricultur­a inaugura em menos de 15 dias. Há quase duas semanas, Marcos Nhunga procedeu ao corte da fita num empreendim­ento com a mesma vocação na província do Cuanza-Norte.

Considerad­o o mais moderno do país, o matadouro de Camabatela tem capacidade de abate para 500 animais, sendo 200 bovinos e 300 caprinos por dia.

Presente na inauguraçã­o do matadouro do Kikuxi, o vice-governador da província de Luanda para a área Económica, José Cerqueira, reconheceu a crescente participaç­ão do empresaria­do nacional nos esforços de diversific­ação da economia.

José Cerqueira notou que o empresaria­do evoluiu do comércio em que mais se distinguiu no passado para a área do investimen­to.

A Administra­ção Distrital da Maianga ordenou o encerramen­to de oito matadouros por falta de condições higiénicas

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO As importaçõe­s de carne no país rondam às 450 mil toneladas de carne por ano

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