Jornalistas vão aos lugares mais perigosos
Os jornalistas vão aos locais mais perigosos para dar voz aos que não têm voz, reconheceu o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, numa mensagem divulgada por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, assinalado ontem.
O chefe da ONU alertou que os “jornalistas sofrem com difamação, violência sexual, detenção, ferimentos e até morte” e sublinhou que o “mundo precisa de líderes que defendam uma imprensa livre.”
Isto é crucial, disse António Guterres, para combater a desinformação predominante. O Secretário-Geral da ONU declarou também ser preciso que todos defendam o direito à verdade.
No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, António Guterres fez um apelo ao fim de todas as medidas de repressão contra jornalistas porque, “uma imprensa livre promove a paz e a justiça para todos.”
Mudar o mundo
Segundo António Guterres, quando se protege jornalistas, as suas palavras e imagens podem mudar o mundo.
O relator especial da ONU para promoção e protecção do direito à liberdade de opinião e expressão, David Kaye, disse que muitos líderes “vêem o jornalismo como inimigo” e o assédio “governamental à imprensa é uma crise global.” Neste contexto, David Kaye pediu a todos os governos que tomem medidas para protegerem e promoverem o jornalismo independente.
O especialista fez um apelo às autoridades para que acabem com a “demonização” da imprensa crítica e libertem todos os jornalistas detidos por exercerem o seu direito à liberdade de expressão.
Outras medidas incluem acções para investigar e responsabilizar todos os envolvidos em ataques a jornalistas, “resistir à tentação” de ordenar que websites na internet removam conteúdo crítico. David Kaye fala ainda da revogação de leis que sejam “claramente contra liberdade de expressão.”
Evitar a vigilância a jornalistas é outra questão defendida pelo especialista. Os relatores especiais fazem parte do Conselho de Direitos Humanos e trabalham de forma voluntária, sem salário. cEles não são funcionários da ONU e trabalham de forma independente de qualquer governo ou organização.
Assassinatos de jornalistas
A directora-geral da Unesco, Irina Bokova, condenou a impunidade dos assassinatos de jornalistas e comprometeu-se a combatê-la mediante a formação de juízes e de forças de segurança.
Irina Bokova indicou que “em 9 de 10 casos que ocorrem não há uma investigação formal, ou, se há, não é possível encontrar os culpados.” “Condeno e peço às autoridades dos países respectivos que investiguem o problema da impunidade”, acrescentou a directorageral da Unesco. Segundo a Unesco, 102 jornalistas foram assassinados em 2016 por causa do exercício da sua profissão.