Meninas de Chibok raptadas há três anos
A Nigéria está a negociar a libertação de raparigas de Chibok ainda mantidas como reféns, disse ontem o Presidente Muhammadu Buhari, um dia antes de o sequestro de 276 estudantes pelo grupo rebelde Boko Haram completar três anos, que se assinala hoje.
Das raparigas sequestradas na escola a nordeste da cidade nigeriana de Chibok em 2014, um total de 195 ainda estão desaparecidas. Mais de 20 foram libertadas em Outubro num acordo mediado pela Cruz Vermelha Internacional, e outras escaparam ou foram resgatadas.
“O Governo está em constante contacto por meio de negociações e inteligência local para garantir a libertação do restante das raparigas e outras pessoas sequestradas, sem que ninguém saia ferido”, disse o Presidente nigeriano.
As palavras de Muhammadu Buhari foram divulgadas numa altura em que especialistas em direitos humanos das Nações Unidas fazem um novo apelo ao Governo nigeriano para tomar “todas as medidas necessárias” para resgatar as 195 raparigas ainda desaparecidas.
Para os relatores da ONU, é “profundamente chocante que três anos após este acto de violência deplorável e arrasador, a maioria das raparigas ainda esteja desaparecida”. Os relatores da ONU saudaram a libertação de 21 reféns em Outubro de 2016 como um “passo positivo e uma oportunidade para que possam começar sua longa jornada de recuperação e reabilitação”, mas ressaltaram que “com a passagem do tempo, há um risco de que o destino das raparigas restantes seja esquecido” o que, sublinham, não se pode permitir que aconteça.
Os peritos dizem que deve haver mais que o Governo da Nigéria, com apoio da comunidade internacional, possa fazer para localizar as raparigas e destacam que “o contínuo cativeiro é uma fonte de imensa dor para suas famílias e comunidades e é simplesmente inaceitável”.
Os peritos lembram que as raparigas de Chibok não são as únicas vítimas do Boko Haram, como demonstra no relatório produzido após a visita dos especialistas à Nigéria, que estima que milhares de mulheres e crianças foram sequestradas desde 2012.
Para os relatores da ONU, é preciso garantir que todas as medidas possíveis sejam tomadas para localizar e resgatar todos e é “vital lembrar que a libertação é apenas o primeiro passo que as raparigas de Chibok e outras pessoas sequestradas pelo Boko Haram devem tomar para começar a reconstruir suas vidas”.
A reabilitação e a reintegração não são fáceis e é preciso assegurar que todas as pessoas resgatadas tenham todo o apoio necessário, concluem os especialistas Maud de Boer-Buquicchio, relatora especial sobre a venda de crianças, prostituição e pornografia infantis, Dainius Pûras, relator especial sobre o direito à saúde, Maria Grazia Giammarinaro, relator especial sobre tráfico de pessoas, especialmente mulheres e crianças, Dubravka Simonovic, relatora especial sobre violência a mulheres, causas e consequências e Alda Facio, relatora-chefe do grupo de trabalho sobre a questão da discriminação a mulheres na lei e na prática.