China quer ajudar a ultrapassar a crise
A China considerou ontem que a sua proposta para reduzir a tensão na península coreana é o único plano realista e desafiou os Estados Unidos a aparecerem com uma ideia melhor.
O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, sugeriu na semana passada um pacto, nos termos do qual a Coreia do Norte suspendia o seu programa nuclear em troca do fim das manobras militares conjuntas dos EUA e Coreia do Sul.
Washington rejeitou a proposta de Pequim e o secretário de Estado norte-americano Rex Tillerson sugeriu ontem uma abordagem mais dura ao afirmar em Tóquio que os esforços diplomáticos para controlar a Coreia do Norte, nos últimos 20 anos, falharam.
“Face às actuais circunstâncias, acreditamos que a proposta da China é o único plano correcto, racional e viável”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Hua Chunying.
“Se os EUA ou outro país tiverem um plano melhor, uma proposta melhor, podem avançar”, acrescentou.“Se a proposta for favorável a reduzir as actuais tensões e a trazer as partes envolvidas de volta ao diálogo e negociações, de forma a resolver a questão nuclear coreana, nós teremos uma atitude construtiva e aberta”, afirmou Hua.
As afirmações da porta-voz chinesa foram feitas quase ao mesmo tempo em que Tillerson falava em Tóquio, não sendo claro se as suas afirmações eram uma resposta directa ao secretário de Estado norte-americano.
No Japão, onde Tillerson iniciou um périplo pela Ásia que inclui ainda paragens em Seul e Pequim, o secretário de Estado afirmou que é necessária “uma nova abordagem” nas negociações com Pyongyang e que a China precisa de desempenhar o seu papel para manter o país vizinho sob controlo.
A China também fez ontem um alerta ao Japão e ameaçou “tomar medidas firmes em resposta a qualquer tentativa do Japão de interferir com meios militares” no conflito do Mar da China Meridional, após ser revelado um plano japonês de enviar para o local a sua maior embarcação de guerra por três meses.“O Japão tem estado a avivar o conflito por interesses egoístas (...) e este comportamento provocou descontentamento e oposição no povo chinês”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying.
Hua recordou que “o Japão não é uma parte envolvida no conflito, e também tem um histórico desonroso por ocupar as ilhas de Xisha (Paracel) e Nansha (Spratly)” durante a invasão da China entre 1937 e 1945.
A porta-voz pediu ao Governo japonês que “não faça nada que possa abalar a paz e a estabilidade”, e enviou uma mensagem aos “países de fora da região” para que respeitem “os esforços da China e dos países da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), graças aos quais a situação tem melhorado”.
A China reivindica a soberania sobre a quase totalidade do mar da China Meridional, ponto de importantes rotas comerciais, com abundantes recursos pesqueiros e onde também se acredita que haja reservas de petróleo e gás, mas as suas reivindicações vão de encontro com as de vários países do sudeste asiático, como o Vietname, Filipinas e Malásia.