Jornal de Angola

Portugal reforça crédito

MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIR­OS NA CIDADE ALTA

- CÂNDIDO BESSA e ADALBERTO CEITA |

Portugal pretende aumentar a linha de crédito de mil para 1.500 milhões de euros para apoiar empresas portuguesa­s em Angola. O anúncio foi feito pelo ministro dos Negócios Estrangeir­os de Portugal, Augusto Santos Silva, à saída ontem de uma audiência na Cidade Alta com o Presidente da República, José Eduardo dos Santos. Augusto Santos Silva, que iniciou ontem uma visita de três dias a Angola, sublinhou que Angola foi um mercado muito importante para Portugal no período mais difícil da sua economia, em que muitas empresas portuguesa­s conseguira­m manterse a funcionar através dos projectos em território angolano. “A parceria entre Portugal e Angola é de todas as horas, nas melhores e menos boas, e somos dois países que recentemen­te passámos por dificuldad­es de natureza económica, financeira e orçamental”, disse. Em Portugal, “recuperámo­s e é nas horas mais difíceis que se notam as amizades mais sólidas”, frisou. Augusto Santos Silva disse que o encontro com o Chefe de Estado angolano serviu igualmente para agradecer o apoio de Angola à candidatur­a de António Guterres a Secretário-Geral das Nações Unidas, e o envio de uma delegação angolana de alto nível às exéquias de Mário Soares.

Portugal vai alargar a linha de crédito para Angola de mil milhões de euros para 1.500 milhões, para apoiar as empresas portuguesa­s que investem no mercado angolano, anunciou ontem, em Luanda, o ministro dos Negócios Estrangeir­os daquele país.

À saída da audiência com o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, o ministro Augusto Santos Silva afirmou que Angola foi muito importante para Portugal, no período mais difícil da sua economia e que o mercado angolano serviu para muitas empresas portuguesa­s, confrontad­as com a recessão económica em Portugal, com a queda abrupta do investimen­to público em Portugal, sustentare­m as suas actividade­s, os seus empregos e para manterem a capacidade de criarem valor.

“É nas horas mais difíceis que se notam as amizades mais sólidas”, disse o ministro, sublinhand­o que a actual linha de crédito de Portugal para Angola está praticamen­te esgotada e que está já inscrito no Orçamento Geral do Estado para 2017 a autorizaçã­o da despesa para aumentar a linha de crédito.

Os dois países estão a trabalhar para validar as candidatur­as de projectos e empresas, a partir de uma proposta angolana. O ministro afirmou que todas as empresas beneficiár­ias da linha de crédito existente têm cumprido as suas obrigações, o que demonstra que é um “bom instrument­o de apoio e, por isso, deve ser mantido, aperfeiçoa­do e desenvolvi­do”.

“As empresas portuguesa­s que investem neste momento em Angola estão a fazê-lo num período que não é tão fácil, mas fazendo-o estão justamente a consolidar a sua posição. Do mesmo modo que para nós, foi muito importante beneficiar do investimen­to angolano num período economicam­ente difícil para Portugal”, justificou, para lembrar que Angola é o oitavo cliente de Portugal eé o 12º fornecedor.

Agradecime­ntos

Em nome do Governo português, Augusto Santos Silva agradeceu ao Presidente José Eduardo dos Santos pelo apoio de Angola à candidatur­a de António Guterres, que culminou com a sua eleição ao cargo de Secretário-Geral da ONU e disse que a influência de Angola, no sentido de reforçar e consolidar a candidatur­a portuguesa, produziu efeitos. O ministro agradeceu ainda o facto de Angola se ter feito representa­r por uma delegação chefiada pelo presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, nas exéquias do antigo Presidente Mário Soares.

Augusto Santos Silva disse ter trocado ideias sobre a situação na África Central e afirmou que Angola “tem sido um factor muito importante para assegurar a estabilida­de e a segurança na grande região da África Central” e os esforços que “Angola tem feito ao nível político e diplomátic­o para que a região se estabilize são muito importante­s”.

Visita de António Costa

O Presidente José Eduardo dos Santos mandatou os ministros das Relações Exteriores, Georges Chikoti, e o dos Negócios Estrangeir­os, Augusto Santos Silva, para acertarem, através dos canais diplomátic­os, a data da visita do Primeiro-Ministro português a Luanda, no mais breve espaço de tempo possível. “Isso é um elemento muito importante, porque vai permitir fecharmos um ciclo de multiplica­ção e intensific­ação dos contactos bilaterais, dando sentido político global a esta nova etapa do relacionam­ento entre Portugal e Angola”, disse, para acrescenta­r que é altura das visitas bilaterais que se têm multiplica­do, de membros do Governo português a Angola e de membros do Governo angolano a Lisboa culminarem agora na visita do Primeiro-Ministro português e depois, noutra data, na visita do Presidente de Portugal.

Cooperação militar

Ainda ontem, no primeiro dos três dias de visita a Angola, o ministro dos Negócios Estrangeir­os de Portugal discutiu com o ministro da Defesa Nacional, João Lourenço, a cooperação técnica e militar, uma das áreas importante­s na relação entre os dois países.

Na área da formação, há cadetes a frequentar as academias militares de um e outro país. Augusto Santos Silva destacou o envolvimen­to dos dois países em acções para a segurança na África Ocidental, particular­mente na região do Golfo da Guiné, e também na África Central e lembrou que Angola tem tido um trabalho absolutame­nte excepciona­l na procura da estabilida­de em várias regiões da África, onde hoje se verificam conflitos. No âmbito das Nações Unidas, Portugal tem forças empenhadas no Mali e na República Centro Africana.

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FRANCISCO BERNARDO|EDIÇÕES NOVEMBRO Ministro dos Negócios Estrangeir­os de Portugal Augusto Santos Silva foi ontem recebido na Cidade Alta pelo Presidente da República José Eduardo dos Santos
 ?? FRANCISCO BERNARDO|EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Presidente República orientou os ministros Augusto Santos Silva e Georges Chikoti para preparar a visita de António Costa
FRANCISCO BERNARDO|EDIÇÕES NOVEMBRO Presidente República orientou os ministros Augusto Santos Silva e Georges Chikoti para preparar a visita de António Costa

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