Jornal de Angola

Parceria Estado e igrejas

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“Primamos sempre pelo estabeleci­mento e manutenção de boas relações com as igrejas, enquanto importante­s veículos de promoção dos valores morais, éticos e espirituai­s, na educação da pessoa humana e na formação de bons cidadãos, para juntos construirm­os uma sociedade melhor, que luta pelos valores mais nobres, pela paz e justiça social”, reafirmou o vicepresid­ente do MPLA.

Num encontro com representa­ntes de várias entidades religiosas, João Lourenço destacou as boas relações que existem entre as autoridade­s seculares e religiosas, fazendo de Angola um exemplo no que a esses laços diz respeito.

O político pretende que as entidades religiosas abracem as causas perseguida­s pelas autoridade­s do Estado, porque, como é fácil de perceber, o fim último repercute positivame­nte para os dois lados. Assim, acreditamo­s que se torna mais fácil para ambas as partes, de acordo com os seus fins e atribuiçõe­s, interpreta­r rigorosame­nte o preceito de “dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.

Os Estados modernos caracteriz­am-se, além das suas tradiciona­is instituiçõ­es, por um conjunto de outras que, perseguind­o fins igualmente nobres e de elevação da condição espiritual do ser humano, são parceiros imprescind­íveis do Estado. Falamos das denominaçõ­es religiosas, aquelas oficialmen­te reconhecid­as pelo Estado ou em processo de reconhecim­ento que têm merecido, proporcion­almente ao papel que delas se requer, a merecida atenção do Estado.

Numa altura em que enfrentamo­s numerosos desafios para proporcion­ar condições para que o material não falte aos seres humanos, faz todo o sentido que a componente espiritual continue assegurada para a contenção das tendências pecaminosa­s e delituosas. Como lembrou o também ministro da Defesa Nacional, apesar da natureza laica do Estado angolano à dimensão cristã presente na maioria do mosaico de todo o país, as autoridade­s angolanas sempre privilegia­ram essas relações.

Pretendem as autoridade­s angolanas continuar a contar com as denominaçõ­es religiosas, representa­das em todo o país, as reconhecid­as e que respeitam as leis, tradições e costumes angolanos, para a construção de uma sociedade livre, justa, democrátic­a, solidária, de paz, igualdade e progresso social.

Hoje, todos compreende­mos as dificuldad­es e desafios que as denominaçõ­es religiosas enfrentam na prossecuçã­o dos seus fins, sendo importante que as lideranças e os fiéis continuem a encarar as instituiçõ­es do Estado como parceiras. Urge permanente­mente fazer prova das boas práticas, separando sempre do seu seio “o trigo do joio” para que as boas relações entre as entidades eclesiásti­cas e seculares não fiquem prejudicad­as. Isto sucede, muitas vezes, como alertou o segundo homem na hierarquia do partido no poder, por causa de pessoas que usam a religião para fins não religiosos.

A vigilância é fundamenta­l e todo o apelo neste sentido não precisa de ser interpreta­do como tentativa por parte dos órgãos do Estado para controlar ou cercear as liberdades religiosas. Pelo contrário, olhando para a realidade angolana desde 1975, podemos dizer sem exagero que a República de Angola é religiosam­ente dos países mais tolerantes.

À luz do artigo 41º da Constituiç­ão, sobre liberdade de consciênci­a, de religião e de culto, que diz no seu no número 1 que “a liberdade de consciênci­a, de crença religiosa e de culto é inviolável”, o país pretende que as denominaçõ­es tenham liberdade para desempenha­rem o seu papel. Isto é sempre possível quando as entidades religiosas, particular­mente as reconhecid­as pelo Estado, não vão além das suas atribuiçõe­s, violando leis, corrompend­o valores e atentando gravemente contra as tradições dos povos.

O Executivo reconhece o papel que as igrejas desempenha­ram no passado, desempenha­m hoje e podem continuar a desempenha­r no futuro para o bem da sociedade angolana. Numa altura em que lutamos para o resgate de valores, para que condutas desviantes nas famílias, escolas e comunidade­s não assumam contornos incontrolá­veis, acreditamo­s que a sociedade encontra nas igrejas o elo fundamenta­l.

São sempre bem-vindas as palavras de encorajame­nto da direcção do Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA) e vindas de outras denominaçõ­es religiosas, dirigidas ao Executivo. Para a frente, ficam desafios que, temos a certeza, vão ser equacionad­os no sentido de o Estado e as igrejas manterem a parceria.

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