Amílcar Cabral é o segundo maior líder mundial de sempre para a BBC
Oideólogo das independências da Guiné-bissau e Cabo Verde, Amílcar Cabral, foi considerado o segundo maior líder mundial de todos os tempos, numa lista elaborada por historiadores para a BBC, em 2020.
A lista é da revista BBC World Histories Magazine e foi feita por historiadores, que nomearam aquele que consideram ter sido o maior líder – alguém que exerceu poder e teve um impacto positivo na humanidade.
Num trabalho que começou no início daquele ano, a revista contou com a colaboração dos mais destacados historiadores e com a votação de leitores, que escolheram como maior líder de sempre o asiático Maharaja Ranjit Singh, líder do Império Sikh, do início do século XIX.
Maharaja Ranjit Singh foi considerado um modernizador e unificador, com um reinado que marcou uma era muito positiva para o Punjab e o Noroeste da Índia. Teve mais de 38% dos votos.
E logo a seguir, com 25% dos votos, aparece Amílcar Cabral, descrito como o “combatente pela independência africana”, que reuniu mais de um milhão de guineenses para se libertarem da ocupação portuguesa, uma acção que levou outros países africanos colonizados a lutarem pela independência.
Depois de Amílcar Cabral surge na lista o britânico Winston Churchill, com 7% dos votos, e em quarto lugar o Presidente norte-americano Abraham Lincoln, seguindo-se na quinta posição a monarca britânica Isabel I (1533-1603).
A lista incluía o faraó Amenhotep III, o Rei inglês William III, a imperatriz da China Wu Zetian, a combatente francesa Joana d'arc, o imperador do Mali Mansa Musa, a imperatriz russa Catarina, a “Grande”, ou o Papa Inocêncio III, entre uma vintena de nomes.
Entre os historiadores convidados contam-se o professor de História e cientista político especializado em História da China da Universidade de Oxford, Rana Mitter, a professora e historiadora da Universidade de Toronto, Margaret Macmillan, ou o historiador e director do Smithsonian’s National Museum of African Art em Washington, Gus Casely-hayford.
Amílcar Cabral foi escolhido pelo historiador britânico Hakim Adi, especialista em assuntos africanos, segundo o qual a luta de Cabral pela independência da Guiné-bissau e Cabo Verde também transformou Portugal.
Professor de História de África e de Diáspora Africana na Universidade britânica de Chichester, Hakim Adi lembrou, ao justificar a escolha de Amílcar Cabral, que grande parte dos países africanos alcançou a independência no início dos anos 1960, o que não aconteceu com as então colónias portuguesas.
E diz depois que “o grande Amílcar Cabral”, além da luta pela independência da Guinébissau e Cabo Verde, também teve um papel de liderança na libertação de outras colónias portuguesas. E essas lutas armadas acabaram por resultar numa revolução em Portugal “e no início de uma nova era democrática” no país colonizador.