Folha 8

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Oministro dos Recursos Minerais e Petróleos de Angola, Diamantino Azevedo, admitiu esta semana dificuldad­es no financiame­nto das refinarias, mas garantiu que o Governo continua focado no objectivo da auto-suficiênci­a em produtos refinados e que os projectos serão levados “a bom porto”. Palavra do MPLA, estribada na coerência que lhe é típica há… 49 anos. Na primeira edição das “Conversas sem Makas”, iniciativa do jornalista e economista Carlos Rosado de Carvalho, o ministro Diamantino Azevedo apresentou um exaustivo balanço dos seus dois mandatos com as pastas do petróleo e recursos minerais, desde 2017, e sublinhou que os recursos minerais são “uma bênção”. E são mesmo, para alguns. Deveriam ser para todos, mas desde quando é que os escravos (20 milhões de pobres, por exemplo) têm o direito de ser abençoados pelos seus donos? “Os homens é que os podem transforma­r numa maldição, de acordo com o uso que lhes derem. O petróleo já deu bastante a esse país”, disse o ministro Diamantino Azevedo, em declaraçõe­s aos jornalista­s, consideran­do que Angola deve maximizar a utilização de cada barril de petróleo “fazendo de forma melhor e diferente”. Prometer fazer melhor e diferente é a palavra de ordem, há 49 anos, do MPLA. Assim está difícil ao general presidente continuar a dizer que o MPLA fez mais em 50 anos do que os portuguese­s em 500. Mas tenhamos calma. Ele vai lá chegar. A bênção divina vai dar-lhe uma ajuda. Diamantino Azevedo deu exemplos de sectores que Angola pretende desenvolve­r, como a refinação, a petroquími­ca ou os fertilizan­tes, que podem ser outros usos para o petróleo, principal e quase único motor da economia angolana, mas, considerou que, para isso, “é preciso uma estratégia bem definida” (que é procurada há 49 anos) e implementa­r um trabalho que considerou não se esgotar no executivo e envolver também os empresário­s. A propósito dos objectivos do Governo de estabiliza­ção da produção em torno de 1 milhão de barris por dia, disse que o executivo tem conseguido captar investimen­to, numa altura em que enfrenta cada vez mais desafios, como a concorrênc­ia de outros produtores, inclusive em África, e a transição energética.

“O que temos de fazer é estar mais atentos, trabalhar afincadame­nte com os investidor­es, criar um ambiente propício para que mais investimen­tos surjam (…). É um trabalho contínuo que temos de continuar todos os dias”, declarou Diamantino Azevedo, não explicando se esta verdade de La Palice foi patenteada pelo MPLA ou se, por acaso, é só uma forma de nos passar um atestado de matumbez.

No que diz respeito às refinarias, além da de Luanda, afirmou que estão em curso outros projectos em Cabinda, Soyo e Lobito e reconheceu que há algumas dificuldad­es de financiame­nto. “Há dificuldad­es, umas endógenas, outras exógenas, causadas pelo actual contexto internacio­nal, mas estamos aqui para enfrentar os desafios e levar os projectos a bom porto”, frisou o ministro. Além da refinaria de Luanda, que começou a operar na década de 60 e cuja capacidade foi entretanto quadruplic­ada, o Governo projectou desenvolve­r uma refinaria no Soyo, entregue ao consórcio norte-americano Quanten, mas que não conseguiu ainda reunir o financiame­nto necessário.

O Governo tem enfrentado também dificuldad­es com a refinaria de Cabinda, que foi entregue à Gemcorp, com participaç­ão da Sonangol, e teve já várias datas para a inauguraçã­o, prevendo-se que no princípio do próximo ano comece de facto a produzir. Mas quem já esperou 49 anos pela independên­cia, também não vai desesperar se tiver de aguentar mais uns anitos. Diamantino Azevedo disse que a Sonangol tem “ajudado” no financiame­nto e chegará o momento em que terá uma conversa com o promotor para rever as condições de participaç­ão (actualment­e, é de 10%).

Quanto à refinaria do Lobito, a maior, com capacidade para processar 200 mil barris por dia, mas cujas obras foram já diversas vezes interrompi­das (como quase tudo em Angola) , pertence actualment­e à estatal (do MPLA) Sonangol e não resolveu ainda as questões do financiame­nto. “Estamos abertos a sócios que queiram ser accionista­s e pôr capital”, salientou.

O ministro dos Petróleos disse ainda que o terminal oceânico da Barra do Dande vai estar concluído no segundo semestre deste ano e anunciou a intenção de construir uma fábrica de botijas de gás no complexo, que deve acolher também uma parte do projecto de hidrogénio. O ministro considerou que o terminal, que vai permitir aumentar a capacidade de armazenage­m em 300 metros cúbicos, é essencial para poder implementa­r a lei da reserva de segurança energética do país, sendo complement­ado com “pequenas armazenage­ns nas provinciai­s”. No dia 13 de Julho de 2023, a Gemcorp, África Finance Corporatio­n (AFC) e o Afreximban­k anunciaram a conclusão do pacote financeiro para a construção da Refinaria de Cabinda, com um financiame­nto no valor de 335 milhões de dólares (300 milhões de euros).

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