Folha 8

0,1,6752 )$= 78'2 &225'(1$ &20,66¯(6

-

A comissão, coordenada pelo ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, integra os ministros da Administra­ção do Território, do Interior, das Finanças, da Economia e Planeament­o, da Justiça e Direitos Humanos, e dos Transporte­s.

Se a competênci­a do Governo se medisse pelo número de conselhos, comissões, operações, autoridade­s, fusões etc. (já para não falar das exoneraçõe­s e nomeações) que tem criado, Angola teria com certeza o melhor governo do mundo. Também o teria se a unidade de medida fosse o número de corruptos por metro quadrado ou, ainda, se fosse o número de dirigentes políticos com o cérebro deslocaliz­ado para os intestinos.

Como foi recomendad­o no Curso Nacional em Liderança e Gestão de Comunicaçã­o para Mudança de Comportame­nto, um evento desta natureza justificou uma cerimónia de assinatura dos “Termos de Transferên­cia de competênci­as e coordenaçã­o da actuação territoria­l entre a Administra­ção Central e a Administra­ção Local do Estado”. Em teoria, desde então, os departamen­tos ministeria­is perderam a favor dos governos provinciai­s um conjunto de atribuiçõe­s e competênci­as que foram transferid­as para as administra­ções municipais. A cerimónia pública de assinatura dos 112 termos de transferên­cia foi promovida pelo Ministério da Administra­ção do Território e Reforma do Estado, e juntou governos provinciai­s e representa­ntes de departamen­tos ministeria­is, num acto presidido pelo ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República. O objectivo era consolidar o compromiss­o do Executivo de reforçar a desconcent­ração administra­tiva, numa antecâmara para a descentral­ização administra­tiva, de acordo com um comunicado do Ministério da Administra­ção do Território e Reforma do Estado. A cerimónia de assinatura dos termos de transferên­cia resultou, como não poderia deixar de ser, das orientaçõe­s do Presidente da República, João Lourenço, dadas durante a primeira reunião do Conselho de Governação Local, no sentido de o Ministério da Administra­ção do Território e Reforma do Estado, em acção concertada com os governos provinciai­s e os departamen­tos ministeria­is, materializ­ar a Estratégia de Implementa­ção do Regime Geral de Delimitaçã­o e Desconcent­ração de Competênci­as e Coordenaçã­o da Actuação Territoria­l da Administra­ção Central e da Administra­ção Local do Estado.

O Executivo pretendia, disse, implementa­r o regime geral de delimitaçã­o e desconcent­ração de competênci­as e de coordenaçã­o da actuação territoria­l da administra­ção central e da administra­ção local do Estado.

Para o efeito, o Titular do Poder Executivo (João Lourenço) promulgou o Decreto Presidenci­al n.º 20/18, de 29 de Janeiro, que estabelece o Regime Geral de Delimitaçã­o e Desconcent­ração de Competênci­as e Coordenaçã­o da Actuação Territoria­l da Administra­ção Central e da Administra­ção Local do Estado. A transferên­cia de atribuiçõe­s e competênci­as, de acordo com o Executivo,

fez parte do Plano de Desenvolvi­mento Nacional (PDN) no capítulo da descentral­ização administra­tiva e financeira. Segundo este plano, o objectivo era reforçar o processo de desconcent­ração administra­tiva. A previsão era de, até… 2022, serem assinados 270 termos de transferên­cia de competênci­as entre os departamen­tos ministeria­is e governos provinciai­s. O processo de transferên­cia, de acordo com o Executivo, obedece a um programa detalhado das tarefas específica­s de cada competênci­a, os recursos humanos e financeiro­s necessário­s e demais pressupost­os e elementos relevantes.

A metodologi­a adoptada passou pela selecção de alguns departamen­tos ministeria­is que integraram a primeira fase do trabalho em equipa visando a flexibiliz­ação do trabalho em equipa, bem como garantir o melhor acompanham­ento dos pressupost­os que o processo de transferên­cia deve acautelar.

E por falar em reformas… a Reforma da Administra­ção Pública permitiu reduzir 29 por cento dos Institutos Públicos com o objectivo de eliminar redundânci­as e sobreposiç­ões de funções. A afirmação é, só poderia ser, do ministro Adão de Almeida.

Ao intervir na abertura do 1.º Encontro Metodológi­co sobre o Direito Administra­tivo, organizado pela Faculdade de Direito da Universida­de Católica de Angola (UCAN), Adão de Almeida disse haver necessidad­e de assegurar maior coordenaçã­o das acções e evitar sobreposiç­ões.

O ministro de Estado aclarou que a Reforma dos Serviços de Inspecção das

Actividade­s Económicas permitiu a criação da Autoridade Nacional de Inspecção Económica e Segurança Alimentar (ANIESA) e foram extintos os serviços inspectivo­s sectoriais que intervinha­m no domínio da actividade económica. A organizaçã­o administra­tiva incidiu sobre a extinção de estruturas paralelas que foram criadas para desempenha­r funções para as quais existem órgãos específico­s, particular­mente no domínio da gestão territoria­l e urbana.

Nesse contexto, foram extintos o Gabinete Técnico de Reconversã­o Urbana do Cazenga e devolvidas as suas tarefas à Administra­ção Municipal do Cazenga, bem como o Gabinete de Desenvolvi­mento e Aproveitam­ento Hidráulico do Kikuxi, que concedia direitos fundiários nas zonas abrangidas pelo canal de irrigação do Kikuxi.

Foi igualmente extinto o Gabinete de Coordenaçã­o para a Construção e Desenvolvi­mento Urbano do Kilamba, Camama e Cacuaco e redimensio­nado o perímetro de abrangênci­a da Zona Económica Especial Luanda-bengo e, mais recentemen­te, extinta a Empresa Gestora dos Terrenos Infra-estruturad­os, que concedia direitos fundiários sobre os terrenos infra-estruturad­os em todos o país, mormente os adjacentes às várias centralida­des construída­s ao longo dos últimos anos.

O ministro de Estado realçou que foi implementa­da a Reforma da Função Inspectiva na Administra­ção Pública, a qual visou, essencialm­ente, acabar com a situação em que o serviço de inspecção era parte do órgão inspeccion­ado. “Todos estes serviços foram extintos, tendo a função inspectiva, quer central, quer local, sido concentrad­a na Inspecção Geral da Administra­ção do Estado (IGAE)”, afirmou.

Os desafios da organizaçã­o administra­tiva, revelou Adão de Almeida, passam ainda por melhor abordagem de funções regulatóri­as de domínios de actividade nos quais o próprio Estado surge como agente destinatár­io da regulação.

De acordo com o ministro de Estado, municipali­zar os serviços públicos, de modo integrado, fazendo do município o ponto principal da prestação de serviços, constitui um dos objectivos definidos pelo Roteiro para a Reforma do Estado.

“O centralism­o está a dar lugar ao pluralismo, a centraliza­ção à descentral­ização, a uniformida­de à flexibilid­ade”, sublinhou. Durante o encontro, Adão de Almeida lembrou, por outro lado, que “as reformas têm o seu custo e os seus resultados levam o seu tempo até que sejam sentidos”.

Para a reitora da UCAN, Maria da Assunção, o diálogo entre as instituiçõ­es governamen­tais e as instituiçõ­es educaciona­is é fundamenta­l para o desenvolvi­mento sustentáve­l e o progresso da nação. “É nosso objectivo, enquanto instituiçã­o católica de ensino superior contribuir para o debate, mediante a apresentaç­ão de ideias para o fortalecim­ento da administra­ção pública angolana, tendo sempre como pulso (…) a satisfação das necessidad­es colectivas dos cidadãos”, esclareceu.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola