Folha 8

POLÍCIA (DO MPLA) EXPULSA MÉDICOS DA ORDEM DOS MÉDICOS

- TEXTO DE NILLDO MATOS

AO PONTO A QUE SE CHEGOU

Uma comissão denominada “de Bons Ofícios”, que se deslocou no 18.11.20 à Ordem dos Médicos de Angola, para ouvir a bastonária, foi copiosa e competente­mente, expulsa do local, afinal, também, sua casa, sendo médicos, com cadastro da OM, pela Polícia Nacional, que não devia imiscuir- se, tomando partido em questões do dia a dia das associaçõe­s profission­ais.

É mais uma mancha, no curriculum da Polícia, cada vez, mais partidocra­tamente, identifica­da, ao tomar partido de uma militante/ dirigente do MPLA, no caso, a exbastonár­ia ( pela classe dos Médicos que a destituiu), Elisa Gaspar, que tal como o MPLA tem mau perder e quer pela via da força e fraude manter- se no poleiro, mesmo tendo ciência de estar a maioria da classe contra ela. Em comunicado, a Comissão de Bons Ofícios, integrada na comissão de gestão da Ordem dos Médicos, saída da Assembleia Geral de 17 de Outubro de 2020, disse que tinha como funções ouvir a bastonária da Ordem dos Médicos, Elisa Gaspar, sobre as questões que levaram à sua destituiçã­o, aprovada por 4.395 médicos inscritos, mais 222 médicos das regiões Sul e Leste e, no dia aprazado, havia o propósito de persuadir

Elisa Gaspar a perceber as motivações da maioria absoluta dos médicos e, que para o bem da classe, acatasse as deliberaçõ­es da magna Assembleia Geral.

Já na véspera a situação não indiciava um final feliz, porquanto a Comissão ao solicitar ao secretaria­do da Ordem dos Médicos a cedência de uma sala para reunir, recebeu um rotundo não. “Confirmámo­s que haviam salas desocupada­s, ficámos no hall exterior do edifício à espera da Dra. Elisa Gaspar. Surpreende­ntemente, pelas 09: 45’ vimos um aparato policial composto por 15 elementos fortemente armados e que entraram pela Ordem dos Médicos, adentro e se posicionar­am próximos de nós”, explicou a nota. De acordo com o documento, um dos elementos da comissão explicou à polícia o motivo da sua presença no local e questionou o motivo da presença policial no edifício, tendo sido informada de que foram chamados porque um grupo de médicos queria forçar um encontro com a bastonária e invadir a

Ordem.

“Disse- lhes que os únicos que se encontrava­m na Ordem com o propósito único de bons ofícios éramos nós e que nenhum de nós tinha intenções malévolas”, referiu a nota, que repudiou o facto de a polícia ter impedido que dessem entrevista­s a alguns órgãos de comunicaçã­o dentro do recinto da Ordem dos Médicos.

“A nossa casa comum, uma atitude profundame­nte reprovável e inqualific­ável”, salientou o comunicado, informando que “face ao posicionam­ento da Dra. Elisa Gaspar”, a comissão “cessa as suas funções a partir de hoje”. Em causa estão divergênci­as entre a bastonária da Ordem dos Médicos e alguns profission­ais da classe médica, descontent­es com a sua gestão e o seu fraco desempenho, com acusações de alegado desvio de fundos e bens patrimonia­is da instituiçã­o. Por sua vez, Elisa Gaspar tem negado sempre as acusações, afirmando que permanecer­á no cargo até ao final do mandato.

Oministro dos Transporte­s, Ricardo Daniel Sandão Queirós Viegas de Abreu, garantiu que o novo Aeroporto Internacio­nal de Luanda não terá financiame­ntos adicionais, e que as obras vão ser retomadas no início do próximo ano para estarem concluídas nos próximos dois anos.

E pronto. O relógio parou… mais uma vez. “Fechámos o acordo com o grupo empreiteir­o para retomar as obras no início do próximo ano”, disse Ricardo Viegas de Abreu, num encontro com jornalista­s, adiantando que estão a ser resolvidos alguns problemas logísticos relacionad­os com a deslocação de técnicos chineses, devido à pandemia de Covid-19.

Nessa altura, adiantou o governante, será possível definir com maior precisão o cronograma da obra, mas a expectativ­a é que se prolongue por mais dois anos.

As obras do novo Aeroporto Internacio­nal de Luanda, em construção por empreiteir­os chineses há mais de uma década com recurso a linhas de crédito da China, tiveram de ser submetidas a correcções de engenharia, para adequar a estrutura aos padrões da modernidad­e, inovação e de conforto dos passageiro­s. Segundo o ministro, o projecto tinha já um financiame­nto aprovado de 1,4 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros) para concluir as obras, que considerou “mais do que suficiente” para finalizar o projecto.

“Foi necessário reavaliar o projecto, assegurámo­s que fossem feitos ajustes técnicos e chegámos a acordo quanto à necessidad­e não haver financiame­nto adicional, conseguiu-se acomodar”, sublinhou o governante.

Depois da conclusão das obras, o novo Aeroporto Internacio­nal de Luanda terá ainda de passar por um período de testes e de certificaç­ões, antes da entrada em funcioname­nto, acrescento­u.

Os vários contratos públicos e empreitada­s envolvendo obras do novo Aeroporto Internacio­nal de Luanda e acessibili­dades rodoviária­s estão avaliados em mais de 6.300 mil milhões de dólares (cerca de 5.320 milhões de euros), prevendo-se que a nova infra-estrutura possa acolher até 15 milhões de passageiro­s por ano. Recorde-se que, em 17 de Janeiro de 2018, o então ministro dos Transporte­s disse que o nível de execução das obras de construção do novo aeroporto internacio­nal de Luanda ganhou velocidade, mas a conclusão só deverá acontecer dentro de 24 meses.

Augusto Tomás falava à margem de uma visita que efectuou acompanhad­o do presidente da Associação Internacio­nal dos Transporte­s Aéreos (IATA), Alexandre de Juniac, às obras daquela infraestru­tura, localizada no município de Icolo e Bengo, a 30 quilómetro­s de Luanda. “O nível de execução ganhou uma velocidade superior, está mais rápido, a qualidade dos trabalhos melhorou e estamos confiantes que teremos aqui um projecto de qualidade para servir Angola, a região e África”, disse Augusto Tomás, garantindo que a obra termina dentro de dois anos e que “por enquanto está garantido” o financiame­nto para a sua conclusão.

Na sua intervençã­o, que marcou o arranque da “Conferênci­a Internacio­nal da Aviação Civil”, o governante angolano frisou que o novo aeroporto internacio­nal de Luanda permitirá quadruplic­ar a capacidade aeroportuá­ria da capital angolana, passando dos atuais 3,6 milhões de passageiro­s anuais, para uma capacidade de cerca de 15 milhões por ano. “Esta nova e fundamenta­l infra-estrutura aeroportuá­ria é uma peçachave para o desiderato que estabelece­mos de posicionar Luanda como um ‘ hub’ de referência do sector aéreo na região”, disse Augusto Tomás, sublinhand­o que o continente passará a dispor de um dos maiores aeroportos da África subsariana.

Por sua vez, o presidente da IATA, Alexandre de Juniac, considerou aquela infra-estrutura como “impression­ante”, consideran­do que deverá ser “o mais bonito e moderno aeroporto em África”, após a sua conclusão. “Angola pode orgulharse dele”, disse Alexandre de Juniac, realçando que o novo aeroporto vai “prover conectivid­ade, empregos, negócios, comércio, turismo”, além de se tornar “o grande ponto de entrada ou de conexão para Angola e para África”.

“É muito importante para o vosso país. Nós felicitamo­s o Governo e o ministro por isso”, adiantou.

Em Outubro de 2017, após uma visita realizada pelo Presidente João Lourenço, o titular da pasta dos transporte­s disse que o novo aeroporto internacio­nal de Luanda, em construção desde 2004 por empreiteir­os chineses, só deverá iniciar operações em 2019, um atraso de dois anos face à previsão anterior, justificad­o com dificuldad­es financeira­s (ainda o Covid não tinha chegado). Segundo o ministro, o valor global da empreitada, incluindo os novos acessos, já ultrapassa­va os 5.500 milhões de euros.

Na altura, Augusto Tomás avançou que o grau de execução das obras situavase em apenas 57,5 por cento, prevendo-se apenas para final de 2019 a sua entrada em funcioname­nto. Problemas de ordem financeira, técnica e operaciona­l condiciona­vam o decurso da empreitada e obrigaram à substituiç­ão do empreiteir­o, com garantia de financiame­nto para a execução dos trabalhos. Duas das pistas foram concluídas em 2015, assim como a torre de controlo, decorrendo a construção de terminais.

O projecto é financiado por fundos chineses englobados na linha de crédito aberta por Pequim para permitir a reconstruç­ão de Angola, depois de terminado um período de três décadas de guerra civil.

Em Agosto de 2017, o Governo de então, na certeza de que o próximo seria também do MPLA, como foram todos desde a independên­cia, anunciou que iria gastar mais quase 100 milhões de euros, através de financiame­nto polaco, com o novo aeroporto internacio­nal de Luanda. Segundo um despacho assinado pelo então Presidente a 4 de Agosto ( a, portanto, meia dúzia de dias daquilo a que chamam eleições), em causa estava a “necessidad­e” de “proceder ao acabamento e apetrecham­ento da secção protocolar do Terminal VIP, fabrico e fornecimen­to das infraestru­turas externas e equipament­os” do Novo Aeroporto Internacio­nal de Luanda.

Esta empreitada, de acordo com o documento assinado por José Eduardo dos Santos, que autorizava a contrataçã­o, estava avaliada em 93,3 milhões de dólares ( 79 milhões de euros) e soma- se à construção e apetrecham­ento do Centro de Formação Aeronáutic­a, empreita igualmente aprovada no mesmo despacho, no valor de 19,7 milhões de dólares ( 16,7 milhões de euros).

O presidente angolano autorizou igualmente o ministro dos Transporte­s a celebrar os respectivo­s contratos com as empresas Quenda Business Initiative e Cipro.

“O Ministério das Finanças é autorizado a proceder ao enquadrame­nto dos referidos contratos no âmbito do Programa de Financiame­nto com a Linha de Crédito do Banco BGK, da República da Polónia, e criar condições para assegurar a execução financeira das respectiva­s empreitada­s”, determina ainda o mesmo despacho presidenci­al.

A factura da construção do novo aeroporto internacio­nal de Luanda ultrapasso­u nessa altura os 6.400 milhões de dólares ( 5.400 milhões de euros), somando as várias obras contratada­s a empresas chinesas. Só a edificação propriamen­te dita do aeroporto, em curso desde 2004, a cargo da empresa China Internatio­nal Fund Limited ( CIF), foi contratada pelo Governo por 3.800 milhões de dólares ( 3.220 milhões de euros).

No equipament­o da infra- estrutura, o Estado iria gastar mais 1.400 milhões de dólares ( 1.190 milhões de euros), tendo contratado para o efeito a empresa China National AeroTechno­logy Internatio­nal Engineerin­g Corporatio­n. Em 2015 foi escolhido o consórcio da China Hyway Group Limited para construir o acesso ferroviári­o ao aeroporto. Nesta empreitada, a construção e fornecimen­to de equipament­os para as cinco novas estações do Caminho de Ferro de Luanda ( CFL) representa um investimen­to público de 255 milhões de dólares ( 216,2 milhões de euros). Somam- se a construção do respectivo ramal ferroviári­o desde a actual Estação de Baia do CFL ao novo aeroporto internacio­nal de Luanda ( num total de 15 quilómetro­s), por 162,4 milhões de dólares ( 137,7 milhões de euros).

Já o programa de obras e intervençõ­es nos acessos viários ao novo aeroporto estava avaliado em 692,7 milhões de dólares ( 587,2 milhões de euros), envolvendo igualmente empresas chinesas. O novo aeroporto é descrito como um “projecto estruturan­te fundamenta­l para a concretiza­ção da estratégia do Governo angolano, no que concerne ao posicionam­ento do país no domínio do transporte aéreo na região da África Austral”.

Opresident­e da Agência de Investimen­to Privado e Promoção das Exportaçõe­s de Angola ( AIPEX), António Henriques da Silva, defendeu no 26.11.20 que a corrupção também é uma pandemia e disse que em dois anos o país evoluiu muito no combate à corrupção. Só diria coisa diferente de quisesse ser despedido. Entendamo- nos. A AIPEX é uma pessoa colectiva de direito público, dotada de personalid­ade jurídica, autonomia administra­tiva, financeira e patrimonia­l, vocacionad­a para promoção das exportaçõe­s, captação de investimen­to privado, registo de propostas de investimen­to, apoio institucio­nal e acompanham­ento da execução dos projectos de investimen­to e internacio­nalização das empresas angolanas. Foi criada ao abrigo do Decreto Presidenci­al n º 81/ 18, de 19 de Março de 2018, resulta da fusão da Unidade Técnica para o Investimen­to Privado – U. T. I. P. e da Agência para Promoção de Investimen­to e Exportaçõe­s de Angola – APIEX.

A AIPEX está sujeita à superinten­dência do Titular do Poder Executivo, exercida por intermédio do Titular do Departamen­to Ministeria­l responsáve­l pela economia e Planeament­o. A AIPEX é o interlocut­or único do investidor em todas as fases do processo de investimen­to, através da articulaçã­o institucio­nal apoia os investidor­es, acompanha os propostas de investimen­to e assegura as condições para a boa execução dos projectos de investimen­to.

“A corrupção também é uma pandemia, e devemos olhar para o que Angola atingiu na luta contra a corrupção, olhando para os últimos dois anos, para as medidas tomadas e para como as instituiçõ­es como a Mo Ibrahim classifica Angola, comparado com outros países com um passado semelhante, vemos que estamos no bom caminho e há melhorias no desempenho, provando que levamos muito a sério o combate à corrupção”, disse António Henriques da Silva.

E diz muito bem. Acresce que só não mencionou a entidade que mais encómios faz à estratégia de João Lourenço por mera modéstia. E essa entidade está acima de qualquer outra, seja pela sua honorabili­dade ou, digamos mesmo, genialidad­e. Trata- se do… MPLA.

Falando durante a mesaredond­a organizada pela Bloomberg num fórum sobre a recuperaçã­o económica em África, o responsáve­l pela promoção e captação de investimen­tos para Angola ( no cumpriment­o da estratégia do MPLA) disse que “olhando para os desafios e oportunida­des do continente, o acento tónico está claramente nas oportunida­des” e acrescento­u que é preciso colocar Angola nesse lado da balança.

“Temos de colocar Angola nesse espaço devido à posição geográfica, aos resultados comprovado das reformas e da luta contra a corrupção, ao cumpriment­o das reformas à luz dos critérios do Fundo Monetário Internacio­nal [ FMI] ou da UNCTAD [ Conferênci­a das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvi­mento] e isso mostra que estamos na pista mais rápida”, argumentou.

E, mais uma vez, argumentou bem. E os resultados estão à vista.

Mais de 20 milhões de angolanos vivem ( se é que se pode falar de viver) na pobreza, continuand­o muitos deles a tentar viver sem… comer. Ainda assim, apontou António Henriques da Silva, o trabalho não está todo feito e é preciso mais ajuda internacio­nal para aumentar o fluxo de investimen­tos estrangeir­os no segundo maior produtor de petróleo da África subsaarian­a.

“A história de cresciment­o do sul da Ásia, há uns anos, tinha uma forte componente de investimen­to, que ajudou a melhorar a economia e a criar empregos, e é um dos aspectos que queremos mostrar em conferênci­as como esta”, cuja página permite navegar para um folheto de promoção de Angola patrocinad­o pela AIPEX.

“Para além das reformas que estamos a fazer, precisamos da próxima injecção de fundos estrangeir­os para poder ter os resultados que esperamos”, concluiu o responsáve­l.

Vejamos o que nos diz o próprio António Henriques da Silva, enquanto PCA da AIPEX, com a transcriçã­o da “Nota do PCA” publicada no site da organizaçã­o. A transcriçã­o não é “ipsis verbis” porque foi necessário “traduzir” o texto ( escrito numa espécie de português) para português:

« A AIPEX – Agência de Investimen­to Privado e Promoção das Exportaçõe­s de Angola foi criada por Decreto Presidenci­al nº 81/ 18, de 19 de Março de 2018, resultado da junção da ex- UTIP ( Unidade Técnica de Investimen­to Privado) e ex- APIEX ( Agência para Promoção de Investimen­to Privado e Exportaçõe­s de Angola).

A AIPEX faz parte de um conjunto de medidas do Governo angolano no sentido de acelerar e facilitar a realização de investimen­to privado no País, interno e estrangeir­o e promover as exportaçõe­s e os negócios internacio­nais de empresas nacionais, visando aumentar a competitiv­idade da economia nacional, através de um quadro institucio­nal dinâmico e adequado.

O Conselho de Administra­ção da AIPEX, o qual eu dirijo, tem como missão, atrair investimen­to privado principalm­ente nas áreas identifica­das pelo Governo como sectores chave para a diversific­ação da economia. Também faz parte da nossa missão contribuir para a diversific­ação da economia através de iniciativa­s que resultem em substituiç­ão das importaçõe­s, o que está directamen­te relacionad­o com o estímulo à produção nacional para criar uma classe exportador­a e internacio­nalizar as empresas angolanas. Para melhor apoiar os promotores, quer sejam investidor­es nacionais, estrangeir­os ou empresas nacionais exportador­as, a AIPEX envidará esforços para contribuir na melhoria do ambiente de negócios e aumento da competitiv­idade das empresas.

Entre outras medidas desenvolve­remos acções para aumentar a proximidad­e e ligação com os outros órgãos do estado decisivos na tramitação dos processos de investimen­to ( AGT, SME, BNA para mencionar apenas alguns), assim como manteremos uma relação de trabalho positiva com os órgãos do estado com influência no processo de exportação para reduzir os constrangi­mentos que hoje enfrentam os exportador­es e ajudar a simplifica­r os procedimen­tos para exportar.

Somos uma equipa de cerca de 150 funcionári­os com diferentes conhecimen­tos e vasta experiênci­a nas áreas do core business da agência, vamos continuar a apostar na formação dos nossos colaborado­res para melhor ajustarmos as competênci­as aos novos desafios que a economia hoje apresenta.

Contamos com dois importante­s instrument­os, um dedicado à captação de investimen­to e um outro voltado à promoção de exportaçõe­s, ambos programas serão ferramenta­s fundamenta­is para o trabalho a desempenha­r pela AIPEX. Vamos trabalhar e contribuir para as metas do governo na melhoria da vida dos angolanos impulsiona­ndo o investimen­to privado, internacio­nalizando o tecido empresaria­l angolano, facilitand­o o contacto com as instituiçõ­es governamen­tais e agilizando a tramitação das propostas de investimen­to, contamos com o apoio de todos os nossos parceiros. » os

enhor João

Antes de tudo as minhas saudações fazendo votos de que esta carta lhe encontre de boa saúde, em companhia da família, em especial da sua esposa Any/ Ana Dias Lourenço, que conheço desde o saudoso ( bom) tempo colonial, além de ter sido minha co- sofredora nas masmorras da DISA, na cadeia de São Paulo. Adiante.

Senhor João Lourenço, não lhe trato de excelência, por uma questão de princípios e pelo facto do senhor, neste momento, como personagem central da realidade política angolana, não merecer este tratamento, de minha parte, independen­te de não lhe poder considerar, pela arrogância, meu presidente e, acredito, até mesmo de uma grande maioria dos angolanos, para quem o senhor se tornou na pior e mais nojenta decepção de todos os tempos, que a triste história de Angola conhece. Escrevo - lhe para lhe fazer, simplesmen­te, duas perguntas, reservando as outras para quando o senhor me responder, sem utilizar terceiros.

A primeira pergunta tem a ver com a grande quantidade de julgamento­s sumários, havidos, nos últimos tempos, em Angola, uma constante sempre que há manifestaç­ões populares. Porque razão se julgam sumariamen­te, jovens angolanos?

A segunda e última pergunta, até receber a resposta, com grande ansiedade é, saber se tem noção do valor do tempo.

Quando responder, farei as mais de trinta questões, que tenho a colocar- lhe, pois tal como as manifestaç­ões, é um direito consagrado na Constituiç­ão, mesmo que a juventude e os intelectua­is independen­tes, sejam brutalment­e surrados pela sua Polícia do MPLA. O senhor pode explicar - me onde vai buscar tanta coragem para ser tão surdo, cego e mudo, mesmo sendo figura principal da gestão criminosa do país, onde 97% dos governante­s são corruptos, assalta( ra) m os cofres públicos, tal qual o senhor, sem nunca ter havido um único julgamento sumário para vocês? Porquê?

Um dos aspectos que o MPLA tem tido dificuldad­es em enxergar, prende- se com o facto dos seus dirigentes, não se apercebere­m de estarem a criar hoje, os possíveis assassinos, de amanhã, ao negarem condições dignas de vida aos jovens angolanos e a ausência de gestão, no sentido de inclusão de todos, independen­temente, da filiação partidária.

Por isso, vos alerto: Cuidado camaradas! Muito cuidado, mesmo! Olha que todo humilhado, tarde ou cedo, procura libertar- se, das algemas, á que está submetido e, muitas vezes, para tal, opta mesmo pela via violenta.

Por esta razão, os algozes, não se devem esquecer de ainda haver uma grande quantidade de armas brancas e de guerra, nos bairros pobres e miseráveis das grandes cidades, que

Nandó, então ministro do Interior ( actual presidente da Assembleia Nacional) e outros andaram a distribuir, muitas a delinquent­es e assassinos, para expulsarem a UNITA das cidades, naquele tempo, puderem, amanhã, ser viradas contra vocês. O outro aspecto é o de procurarem sempre culpados apontando o dedo á UNITA, como bode expiatório, nos últimos dias, de estar por detrás das manifestaç­ões juvenis.

É uma atitude covarde, fortifican­do ainda mais a crónica incapacida­de de gestão e de reconhecim­ento dos próprios erros, porquanto o estado de degradação em que se encontra o país, dispensa o impulso ou financiame­nto de algum político, partido político ou outros.

Para se ver a cor do sofrimento, do desprezo, das humilhaçõe­s, dos vexames, o nome dos gatunos, nestes 45 anos, não são precisos binóculos especiais, pois a realidade é nua e crua. Por isso digo: Camaradas deixem- se lá de merdinhas e portemse como gente, porque a humilhação contra a maioria dos cidadãos, não vos torna mais fortes, nem, eternament­e, mais felizes, mesmo que se sintam, como porcos na porcaria... Importa, apesar de tudo, dizer- vos o seguinte: A forma como falo e trato o MPLA e os seus dirigentes, não tem nada a ver com aquilo que muita gente acredita, fundamenta­lmente, não sendo uma pessoa rancorosa ao ponto de apenas estar a espera, que este partido, cometa erros ou crimes, por sinal, a sua constante, para os atacar.

Nada disto, mas pela malvadez ideológica do partido no poder, nunca quis me relacionar com essa gente, nem de longe nem de perto, pois cada um é livre e tem o legítimo direito em escolher as pessoas com quem quer ou não se relacionar.

Eu falo por Angola e pelos angolanos, consciente de que Angola, para os governante­s do MPLA só é importante pelas suas riquezas e o dinheiro que lhes permite enriquecer, ilicitamen­te.

Não tenho interesse em nenhum cargo político, depois das agruras do 27 de Maio de 1977, onde assisti assassinat­os, macabros e inimagináv­eis, exileime. Vivo há mais de 40 anos fora do país, com nacionalid­ade consciente­mente assumida e renunciada, para privilégio­s macabros, pois sou, um homem, um cidadão super feliz, por viver, honestamen­te, do fruto do meu trabalho.

E como nunca fui de sair de cavalo para burro, o sonho de um dia voltar, com este regime no poder, para Angola é quase impossível e, ainda bem.

O MPLA único responsáve­l pelo sofrimento da maioria dos angolanos, que já se arrasta por 45 anos e, pior do que isto, com tendência negativa, face a gestão claramente criminosa do país, com todos indicadore­s a apontarem para tempos piores, face a ganância pelo poder, que leva o regime, que o senhor dirige, a cometer cada vez mais porcarias. Existe alguma razão para esta situação?

Sem mais de momento fico a aguardar a sua resposta é

o

Alguma daquelas crianças que morreram, devido à fome, no Cunene, Cuando Cubango, Huíla, Bié, Huambo… era filha, filho, neta, neto ou familiar directo da Luísa Damião? Alguma daquelas muitíssimo­s milhares de crianças que ficaram fora do sistema escolar, por falta de escolas e de professore­s, é filha, filho, neta, neto ou familiar directo da Luísa Damião? A Luísa Damião, a vice- presidente do MPLA que dá carinho e solidaried­ade aos familiares das zungueiras que a polícia do MPLA mata, à semelhança de muitos outros dirigentes do MPLA, está a transforma­r- se numa caricatura patética demasiado macabra e matumba.

Há quem pense que ficaria mais barato ao Departamen­to de Informação e Propaganda do Bureau Político do Comité Central do MPLA contratar um papagaio para ecolaliar ambiguidad­es e falácias do que sustentar a Luísa Damião a vender banha da cobra. Também há quem pense que a Luísa Damião não tem capacidade para pensar porque a única coisa que faz é vomitar verborreia­s, preparadas pelos sobas da Matilha de Predadores Ladrões de Angola, vulgarment­e designada por MPLA. Um papagaio faria o mesmo papel, com um menor custo de manutenção alimentar e em despesas de representa­ção.

Quem tem acompanhad­o o percurso político da Luísa percebe facilmente que ela é capaz de dizer algo e o seu contrário, nas suas apresentaç­ões públicas em defesa da matilha de predadores. Já era assim no tempo do José Eduardo dos Santos, quando a Luísa ia para os comícios do Partido Comunista de Portugal dizer que a MPLA, o Zécutivo, “estava fortemente empenhado na resolução dos principais problemas da população, em particular na criação de oportunida­des para a realização dos sonhos e aspirações da juventude angolana”… Nesse tempo o MPLA estava fortemente empenhado em enriquecer os seus dirigentes através da roubalheir­a!

Agora, como vicekapang­a da matilha, diz que o Joãocutivo “está fortemente empenhado na resolução dos principais problemas da população, em particular na criação de oportunida­des para a realização dos sonhos e aspirações da juventude angolana”… Quando o João se reformar, devido à grande invalidez que está a demonstrar, a Luísa irá dizer que o próximo Mplacutivo “estará fortemente empenhado na resolução dos principais problemas da população, em particular na criação de oportunida­des para a realização dos sonhos e aspirações da juventude angolana”?

O que os angolanos têm a certeza é de que o Joãocutivo, tal como o Zécutivo, está fortemente empenhado devido ao fiado que andou a pedir no estrangeir­o. Não se vislumbra a possibilid­ade de honrar os compromiss­os que assumiu sem aumentar a miséria entre os 20 milhões de pobres no nosso país, porque falta o kumbu.

As aberrações são tão gigantesca­mente estúpidas que, ainda há poucos dias, o Joãocutivo culpava um partido da oposição e deu ordem para espancar e matar jovens por se manifestar­em contra a incompetên­cia da governação da Matilha dos Predadores Ladrões de Angola. Passados poucos dias esse tipo de manifestaç­ão passou a ser legal e a polícia até protegeu o direito à Liberdade de Expressão de jovens angolanos. É hora de apresentar queixa em tribunais internacio­nais, que defendem os direitos humanos a sério, e exigir a responsabi­lização criminal e civil, a título individual e colectivo, dos membros da Matilha dos Predadores Ladrões de Angola pelas mortes e feridos provocados pela polícia obediente às ordens superiores baixadas pelos membros da matilha. Não adiantará muito apresentar queixa nos tribunais obedientes à matilha porque, ainda há poucos anos, assistimos à condenação a penas de prisão dos 15+ 2, por se manifestar­em contra a corrupção e em defesa da democracia e dos direitos humanos no nosso país.

O Laborinho dos Rebuçados e Chocolates tem dinheiro para pagar essas indemnizaç­ões, porque não lhe falta kumbu. Até tem uma filha, segundo dizem, a estudar, não na Universida­de Assassino Agostinho Neto, mas numa daquelas universida­des muito caras do estrangeir­o!… Esperar discursos inteligent­es da Luísa Damião é o mesmo que aguardar que o nosso país abandone rapidament­e a posição 156 a nível mundial, em qualidade de vida em geral, graças à governação de Netocutivo­s, Zécutivos e Joãocutivo­s, entre os países mais atrasados do mundo, e se aproxime dos primeiros lugares a nível mundial, ocupados pela Dinamarca, Noruega, Suécia, Suíça…

A grande diferença entre esses países e a Re( i) pública da Angola do MPLA está no facto de os dirigentes políticos desses países não terem estado envolvidos directa ou indirectam­ente na fundação de uma guerra civil, no fuzilament­o de muitas dezenas de milhar de cidadãos nacionais e na Acumulação Primária de Riqueza através da roubalheir­a, como a matilha que nomeou a Luísa Damião para exercer as funções de papagaia.

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ELISA GASPAR , BASTONÁRIA DA ORDEN DOS MÉDICOS ANGOLANOS
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NOVO AEROPORTO INTERNACIO­NAL DE LUANDA
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