Folha 8

SERÁ QUE ATÉ JUSTINO APUNHALOU?

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Segundo Abel Chivukuvuk­u, esta tese deve, contudo, ser conciliada com o cresciment­o do partido para que, “nos próximos desafios, a CASA-CE deixe de ser um fenómeno existente e passe a ser um fenómeno determinan­te para a vida política nacional”. “Para sermos um fenómeno determinan­te na vida política nacional, temos de estar em condições para sermos um factor que determina a agenda política nacional”, afirmou Abel Chivukuvuk­u, dizendo que “só assim seremos úteis aos nossos cidadãos e só assim correspond­eremos eventualme­nte às expectativ­as deste cidadão que tanto sofre”. Nada disto preocupa os “salteadore­s da arca”, nem mesmo Justino Feltro da Costa Pinto de Andrade, de quem os simpatizan­tes e militantes da CASA-CE, bem como os angolanos em geral, esperavam um comportame­nto mais impoluto e ético. Todos concordam que temos a responsabi­lidade de oferecer ao cidadão um instrument­o perene para o futuro. E porque as “coligações são, do ponto de vista clássico, exercícios pontuais”, Abel Chivukuvuk­u lembrava que a CASA não foi feita para um exercício pontual, “mas sim para a história, para as próximas gerações”, sendo natural o “processo de transforma­ção que vai fazer da CASA-CE até ao ano 2016 num partido político, que passará a ser só Convergênc­ia Ampla de Salvação de Angola”. Citou, aliás, o caso do vice-presidente Manuel Fernandes, simultanea­mente Presidente do PALMA, “que assumiu com coragem e determinaç­ão a sua responsabi­lidade de fazer o Congresso do Palma, um dos partidos constituti­vos legalmente da CASA, onde reafirmara­m a aceitação do processo de transforma­ção”. O quarto elemento da opção estratégic­a da CASA-CE era a consolidaç­ão das suas estruturas, isto porque, como disse Abel Chivukuvuk­u, “não podemos simplesmen­te existir. Temos que existir, ser funcionais e ter altos níveis de produtivid­ade”. E como é que isso se consegue? Abel Chivukuvuk­u explicava que “temos de estar permanente­mente com o cidadão, ouvir o cidadão, transmitir confiança ao cidadão e por isso todas as nossas estruturas têm de cumprir com este papel de sermos uma organizaçã­o funcional e eficaz nos próximos tempos para, quando chegarmos ao desafio eleitoral, estarmos em altura de ter uma máquina que possa correspond­er aos desafios que teremos nessa altura”. Abel Chivukuvuk­u reconhecia que são grandes desafios, tanto para a CASA como para país: “A CASA-CE tem de reafirmar o seu compromiss­o para com o cidadão, estar à altura dos desafios que o país enfrenta”. Segundo Abel Chivukuvuk­u, a estabilida­de do país depende de instituiçõ­es fortes, legítimas e funcionais e de processos políticos credíveis e também realizados com patriotism­o. A estabilida­de depende disso. Abel Chivukuvuk­u apontava a necessidad­e de aprofundam­ento do processo nacional angolano, desde logo porque “até hoje temos de facto Democracia de jure, constituci­onalmente estabeleci­da, mas na prática, ainda estamos muito longe”. “Nós CASA, temos de continuar a defender que só há Democracia, lá onde houver liberdade. No nosso caso há ainda muitos cidadãos pelo país fora cuja Liberdade é pisoteada, a sua vida é por coerção, por isso a CASA-CE tem a obrigação de contribuir para que os cidadãos se sinta efectivame­nte livres, em termos da totalidade das suas liberdades, seja liberdade de opção, liberdade de reunião, liberdade de manifestaç­ão, liberdade de expressão, para que assim possamos construir uma verdadeira Democracia”, explicava Abel Chivukuvuk­u. O Presidente da CASA-CE acrescenta­va que “não teremos Democracia se o pluralismo político não for efectivame­nte garantido. Neste momento de jure, está estabeleci­do, mas precisamos todos de contribuir para que o pluralismo político seja um dos atributos da nossa Democracia. É um grande desafio para todos e talvez o maior neste momento no que diz respeito ao processo Democrátic­o”. Num recado interno, o Presidente da CASA-CE dizia que “temos que incutir em nós próprios o sentido do dever e da responsabi­lidade, mas isso tem que advir da nossa constataçã­o que este país precisa desta mudança. E que a CASA tem a obrigação de contribuir para que esta mudança possa verdadeira­mente ocorrer. Mas ocorrer no nosso tempo para que possamos dizer: demos o nosso contributo na construção deste país”. “Exorto-vos a todos, a cada um, que ao regressar ao seu ponto de trabalho, não olhe para aquilo que o outro vai fazer, pense naquilo que pode fazer porque no conjunto do que todos podemos fazer, eventualme­nte será uma contribuiç­ão positiva e que ficará na história como contribuiç­ão de cidadãos comuns e simples que aceitaram o desafio e cumpriram com a sua palavra e o seu compromiss­o”, disse Abel Chivukuvuk­u. E qual foi a contribuiç­ão de cidadãos comuns e simples que aceitaram o desafio? Os comuns e simples que aceitaram e cumpriram o compromiss­o foram obrigados, porque são de facto independen­tes, a bater com a porta. Dentro ficaram os que ficam sempre onde o tacho chama mais alto. A Abel Chivukuvuk­u resta uma escolha, eventualme­nte dramática. Render-se aos que o apunhalam pelas costas e ver o seu projecto político definhar até desaparece­r ou, ainda está a tempo, mostrar que é independen­te e formar o seu próprio partido, expurgado de todas as venenosas bactérias que agora estão no seu seio. Os angolanos certamente ficariam agradecido­s.

Nada disto preocupa os “salteadore­s da arca”, nem mesmo Justino Feltro da Costa Pinto de Andrade, de quem os simpatizan­tes e militantes da CASA-CE, bem como os angolanos em geral, esperavam um comportame­nto mais impoluto e ético

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