SERÁ QUE ATÉ JUSTINO APUNHALOU?
Segundo Abel Chivukuvuku, esta tese deve, contudo, ser conciliada com o crescimento do partido para que, “nos próximos desafios, a CASA-CE deixe de ser um fenómeno existente e passe a ser um fenómeno determinante para a vida política nacional”. “Para sermos um fenómeno determinante na vida política nacional, temos de estar em condições para sermos um factor que determina a agenda política nacional”, afirmou Abel Chivukuvuku, dizendo que “só assim seremos úteis aos nossos cidadãos e só assim corresponderemos eventualmente às expectativas deste cidadão que tanto sofre”. Nada disto preocupa os “salteadores da arca”, nem mesmo Justino Feltro da Costa Pinto de Andrade, de quem os simpatizantes e militantes da CASA-CE, bem como os angolanos em geral, esperavam um comportamento mais impoluto e ético. Todos concordam que temos a responsabilidade de oferecer ao cidadão um instrumento perene para o futuro. E porque as “coligações são, do ponto de vista clássico, exercícios pontuais”, Abel Chivukuvuku lembrava que a CASA não foi feita para um exercício pontual, “mas sim para a história, para as próximas gerações”, sendo natural o “processo de transformação que vai fazer da CASA-CE até ao ano 2016 num partido político, que passará a ser só Convergência Ampla de Salvação de Angola”. Citou, aliás, o caso do vice-presidente Manuel Fernandes, simultaneamente Presidente do PALMA, “que assumiu com coragem e determinação a sua responsabilidade de fazer o Congresso do Palma, um dos partidos constitutivos legalmente da CASA, onde reafirmaram a aceitação do processo de transformação”. O quarto elemento da opção estratégica da CASA-CE era a consolidação das suas estruturas, isto porque, como disse Abel Chivukuvuku, “não podemos simplesmente existir. Temos que existir, ser funcionais e ter altos níveis de produtividade”. E como é que isso se consegue? Abel Chivukuvuku explicava que “temos de estar permanentemente com o cidadão, ouvir o cidadão, transmitir confiança ao cidadão e por isso todas as nossas estruturas têm de cumprir com este papel de sermos uma organização funcional e eficaz nos próximos tempos para, quando chegarmos ao desafio eleitoral, estarmos em altura de ter uma máquina que possa corresponder aos desafios que teremos nessa altura”. Abel Chivukuvuku reconhecia que são grandes desafios, tanto para a CASA como para país: “A CASA-CE tem de reafirmar o seu compromisso para com o cidadão, estar à altura dos desafios que o país enfrenta”. Segundo Abel Chivukuvuku, a estabilidade do país depende de instituições fortes, legítimas e funcionais e de processos políticos credíveis e também realizados com patriotismo. A estabilidade depende disso. Abel Chivukuvuku apontava a necessidade de aprofundamento do processo nacional angolano, desde logo porque “até hoje temos de facto Democracia de jure, constitucionalmente estabelecida, mas na prática, ainda estamos muito longe”. “Nós CASA, temos de continuar a defender que só há Democracia, lá onde houver liberdade. No nosso caso há ainda muitos cidadãos pelo país fora cuja Liberdade é pisoteada, a sua vida é por coerção, por isso a CASA-CE tem a obrigação de contribuir para que os cidadãos se sinta efectivamente livres, em termos da totalidade das suas liberdades, seja liberdade de opção, liberdade de reunião, liberdade de manifestação, liberdade de expressão, para que assim possamos construir uma verdadeira Democracia”, explicava Abel Chivukuvuku. O Presidente da CASA-CE acrescentava que “não teremos Democracia se o pluralismo político não for efectivamente garantido. Neste momento de jure, está estabelecido, mas precisamos todos de contribuir para que o pluralismo político seja um dos atributos da nossa Democracia. É um grande desafio para todos e talvez o maior neste momento no que diz respeito ao processo Democrático”. Num recado interno, o Presidente da CASA-CE dizia que “temos que incutir em nós próprios o sentido do dever e da responsabilidade, mas isso tem que advir da nossa constatação que este país precisa desta mudança. E que a CASA tem a obrigação de contribuir para que esta mudança possa verdadeiramente ocorrer. Mas ocorrer no nosso tempo para que possamos dizer: demos o nosso contributo na construção deste país”. “Exorto-vos a todos, a cada um, que ao regressar ao seu ponto de trabalho, não olhe para aquilo que o outro vai fazer, pense naquilo que pode fazer porque no conjunto do que todos podemos fazer, eventualmente será uma contribuição positiva e que ficará na história como contribuição de cidadãos comuns e simples que aceitaram o desafio e cumpriram com a sua palavra e o seu compromisso”, disse Abel Chivukuvuku. E qual foi a contribuição de cidadãos comuns e simples que aceitaram o desafio? Os comuns e simples que aceitaram e cumpriram o compromisso foram obrigados, porque são de facto independentes, a bater com a porta. Dentro ficaram os que ficam sempre onde o tacho chama mais alto. A Abel Chivukuvuku resta uma escolha, eventualmente dramática. Render-se aos que o apunhalam pelas costas e ver o seu projecto político definhar até desaparecer ou, ainda está a tempo, mostrar que é independente e formar o seu próprio partido, expurgado de todas as venenosas bactérias que agora estão no seu seio. Os angolanos certamente ficariam agradecidos.
Nada disto preocupa os “salteadores da arca”, nem mesmo Justino Feltro da Costa Pinto de Andrade, de quem os simpatizantes e militantes da CASA-CE, bem como os angolanos em geral, esperavam um comportamento mais impoluto e ético