Folha 8

NÃO EXISTE LAVANDARIA QUE BRANQUEIE ESTE GENOCÍDIO!

- TEXTO DE JOSÉ MARCOS MAVUNGO

Étalvez a mais trágica memória de assassinat­os em Angola. No dia 27 de Maio de 1977, recordo, eu era refugiado na então República do Zaire (actualment­e, República Democrátic­a do Congo), por causa da intolerânc­ia e do conflito ainda hoje reinantes em Cabinda, numa altura em que a então classe política dominante em Angola preparava a fórmula para que todo angolano fosse partidário do MPLA, até ao ponto de os angolanos se verem perante o facto de que só podiam viver para a produção do socialismo ditada pelo regime «en place». O Ano é chamado «Ano da Fundação do Partido e da Produção para o Socialismo”. Recordo que, neste dia, o mundo se referia a Angola como um país em que se operava a «tirania da ideologia política» do MPLA contra o «fraccionis­mo». No próprio dia 27 de Maio, Agostinho Neto afirmou: «Não haverá perdão nem para esses aliados da reacção. Nós vamos proceder duma maneira firme e dura». Dava, assim, início a um período de «ortodoxia e choques violentos», de «ódios radicas» à volta do «27 de Maio de 2017», um período de barbárie: assassinat­os atrozes de angolanos, como nunca antes o próprio colono; crime de genocídio, segundo outros, melhor inspirados. É caso para dizer: «A grande peste destes anos de independên­cia em Angola», sobretudo pelo terror e fulgor, pela incrível crueldade dos ideólogos do regime, que perseguem e condenam à morte cidadãos por delito de opinião, práticas essas próprias a um Estado totalitári­o.

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